O Ministério Público Federal (MPF) pediu nesta segunda-feira (20) a conversão da prisão temporária em preventiva de Marice Corrêa de Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Ela está presa na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde a sexta-feira (17), quando se entregou à polícia após retornar de uma viagem ao Panamá.
Cunhada de Vaccari diz que recebeu R$ 200 mil do PT por ‘danos morais’
Marice Corrêa de Lima usou o pagamento para comprar apartamento investigado na Operação Lava Jato
Leia a matéria completaDe acordo com o MPF, Marice “funcionava como auxiliar de João Vaccari Neto para operacionalizar propina destinada ao Partido dos Trabalhadores, como também para o recebimento pessoal de vantagens indevidas destinadas a João Vaccari Neto”.
Ainda de acordo com a investigação do MPF, na quebra de sigilo bancário foram identificados depósitos na conta de Giselda Lima, esposa de Vaccari. Entre 2008 e 2014, Marice teria realizado cerca de R$ 583,4 mil em depósitos na conta de Giselda.
Mais dois presos serão transferidos para o Complexo Médico
O presidente da Galvão Engenharia Dario de Queiroz Galvão Filho e o operador Guilherme Esteves foram presos no dia 27 de março. A PF também pediu a transferência do publicitário Ricardo Hoffmann, preso no último dia 10
- Kelli Kadanus
Presos pela Lava Jato, o presidente da Galvão Engenharia, Dario de Queiroz Galvão Filho, e o operador Guilherme Esteves serão transferidos da carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba para o Complexo Médico Penal (CMP) em Pinhais, na região metropolitana. A decisão pelas transferências foi do juiz federal Sergio Moro.
Em um dos despachos, Moro destaca “a limitação de espaço físico da carceragem, o possível risco da inclusão dos investigados no sistema prisional estadual regular, e as boas condições do CMP”. Ainda não há previsão de quando os dois deverão deixar a carceragem da PF.
Pedido
A PF pediu ainda nesta segunda-feira (20) a transferência do publicitário Ricardo Hoffmann para o Complexo Médico Penal. Hoffmann está preso na carceragem da PF desde a deflagração da 11ª fase da Lava Jato, em 10 de abril. Na última terça-feira (14), o juiz Sergio Moro acolheu um pedido do Ministério Público Federal (MPF) e converteu a prisão temporária de Hoffmann em preventiva. A justificativa da transferência, de acordo com a PF, é a “intensa rotatividade de presos e a limitação de vagas na carceragem”. A transferência depende da decisão de Moro. Atualmente, 11 presos da Lava Jato estão no Complexo Médico Penal. Outros 14 detentos estão na carceragem da PF.
Segundo os procuradores, Giselda “recebe uma espécie de mesada de fonte ilícita paga pela investigada Marice, sendo que os pagamentos continuam sendo feitos até março de 2015”.
“Neste contexto, a prisão preventiva de Marice é imprescindível para a garantia da ordem pública e econômica”, diz o MPF no pedido de conversão da prisão da cunhada de Vaccari. O juiz federal Sergio Moro deverá decidir se aceita ou não o pedido do MPF. A prisão temporária de Marice vence nesta terça-feira (21).
Depoimento
Marice Corrêa de Lima prestou depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira (20), em Curitiba. De acordo com o advogado Cláudio Pimentel, Marice respondeu a todas as perguntas durante a oitiva, que durou cerca de duas horas. Ainda segundo o advogado, Marice negou que tenha recebido propina em nome de Vaccari.
De acordo com as investigações do Ministério Público Federal, Marice é suspeita de ser destinatária do dinheiro do esquema de corrupção. Ela teria adquirido um apartamento por R$ 200 mil e o vendido para a empresa OAS por R$ 400 mil, conforme as investigações. Este mesmo imóvel teria sido vendido pela empreiteira por um valor menor. Pimentel não quis comentar esse assunto ao sair do depoimento de Marice à PF.
Provas
Investigada na Operação Lava Jato, a cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto afirmou que viajou ao Panamá para participar do Fórum Sindical das Américas. Como coordenadora financeira do Centro Sindical das Américas, Marice Corrêa Lima representou a entidade no congresso realizado naquele país da América Central. Ela afirmou no depoimento prestado nesta segunda-feira (20) que não foi lavar dinheiro ilícito nem destruir provas.