O Ministério Público Federal pediu nesta quinta-feira (7) a quebra do acordo de colaboração premiada firmado com o lobista Fernando Moura.
Essa é a primeira vez que os procuradores pedem a quebra de um acordo referente à Lava Jato.
O MPF alega que o colaborador entrou em contradição ao afirmar, durante o interrogatório na Justiça Federal, que José Dirceu não teve participação em sua decisão de mudar de país na época do escândalo do mensalão. O colaborador teria dito o contrário em seus depoimentos em regime de colaboração.
O MPF chegou a pedir que Moura fosse interrogado novamente por causa da contradição. Durante interrogatório no dia 22 de janeiro Moura fez afirmações que favoreciam o ex-ministro José Dirceu.
Ele mudou sua versão sobre suposta orientação de Dirceu para que ele deixasse o país no auge do mensalão e disse que o responsável pelas indicações do PT para a Petrobras era Silvio Pereira, ex-secretário-geral do partido, preso na deflagração da Operação Carbono 14. O delator afirmou, ainda, que nunca participou do repasse de valores para Dirceu. “Nada. Eu nunca negociei com o Zé, direto, de dinheiro, de nada”, disse Moura ao juiz.
Uma semana depois, Moura foi ouvido pelos procuradores e afirmou ter mentido para o juiz.
Para justificar a contradição, o delator disse ter se sentido vítima de uma “ameaça velada”. “Saí do despachante, uma pessoa me abordou: Oi, tudo bem? Como estão seus netos no Sul. Fiquei completamente transtornado”, afirmou Moura, que chegou a cogitar mudar todo o seu depoimento, mas não citou nomes.
No pedido da quebra do acordo, o MPF afirma que foram feitas diligências no local apontado por Fernando Moura e “não foram encontrados registros condizentes com a narrativa do colaborador”.
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