A Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF) ingressou com ação judicial para anular o ato secreto do Senado, que transformou em servidores efetivos 76 estagiários do Legislativo. O ato secreto foi assinado em 1991, e revelado em 2009, durante o escândalo dos atos secretos, que resultou na demissão do ex-diretor-geral Agaciel Maia (PTC), hoje no exercício de mandato de deputado distrital.

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Na ação civil pública, os procuradores argumentam que os estagiários viraram servidores efetivos de forma irregular e, por isso, querem a demissão dos funcionários. A investigação iniciou há três anos, e a ação foi encaminhada à 9ª Vara da Justiça federal, no último dia 20 de março.

Segundo o MPF-DF, em 1991, a Comissão Diretora do Senado Federal reconheceu a existência de vínculo empregatício de 76 estagiários por meio de um ato sem número e sem publicação na imprensa oficial. "Em seguida, enquadrou-os como ocupantes do cargo efetivo de assistente industrial gráfico, recém-criado através do mesmo documento. Na época, os acusados pelo MPF/DF participavam de programa de estágio no então Centro Gráfico do Senado Federal (Cegraf), hoje denominado Secretaria Especial de Editoração e Publicações (Seep)", informa a assessoria de comunicação do MPF-DF.

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A Comissão Diretora do Senado, diz o MPF, argumentou que os estagiários foram contratados antes da promulgação da Constituição de 1988, e, portanto, "estariam amparados por regras de transição que permitiriam efetivar trabalhadores sem concurso, quando comprovado o vínculo anterior com o serviço público". Segundo a justificativa, essa regra teria validade para funcionários que estivessem no exercício da função por, no mínimo, cinco anos.

"A interpretação adotada pelo Senado, porém, não considerou o prazo mínimo estipulado pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Ao contrário do que prevê a norma, os estagiários beneficiados pelo ato ilegal da Comissão Diretora haviam ingressado no Senado apenas em 1984 e 1985, portanto há menos de cinco anos da promulgação da nova Constituição".

O MPF ressalta que a efetivação dos estagiários enfrentou até mesmo resistências internas, e lembra que, em 1990, o então senador José Paulo Bisol (RS) defendeu, em parecer, a existência de inconstitucionalidade da criação de cargos administrativos para reconhecimento de vínculo empregatício.