O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) denunciou à Justiça nesta segunda-feira (1) três executivos da Camargo Corrêa e quatro doleiros acusados de envolvimento em esquema de envio de remessas ao exterior e financiamento ilegal de campanha política investigado pela Operação Castelo de Areia, deflagrada em março pela Polícia Federal (PF). Os sete foram acusados por crimes de fraude em operação financeira, evasão de divisas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
De acordo com a promotora responsável pelo caso, Karen Louise Jeanette Kahn, material apreendido nas casas e em endereços comerciais dos acusados apresenta provas de que era articulado um "sofisticado esquema criminoso" operado por doleiros e diretores da Camargo Corrêa.
Os três executivos denunciados são os diretores Pietro Bianchi, Fernando Dias Gomes e Darcio Brunato, presos na sede da empresa quando foi deflagrada a Castelo de Areia. Segundo o MPF-SP, foi descoberto um esquema de envio de remessas ao exterior por meio da simulação de operações de importação de softwares.
Os executivos da construtora teriam forjado contratos de compra dos equipamentos e enviado o dinheiro para a empresa Surpark, localizada no Uruguai e que seria de um dos doleiros integrantes do grupo. As quantias enviadas à empresa "laranja" seriam remetidas para outros países. O MPF-SP acredita que o dinheiro era enviado a contas particulares dos diretores da Camargo Corrêa.
Outra prova encontrada pela investigação do MPF-SP seria a interceptação de ligações do doleiro Kurt Paul Pickel com os executivos da empresa, que revelam detalhes do esquema. Segundo o MPF-SP, Pickel era o responsável por coordenar o envio de remessas ao exterior, contando com a ajuda dos doleiros Jadair Almeida, Diney Matos e Maristela Sum Doherty. Um dos documentos encontrados pela PF mostra que, durante 2008, teriam sido enviadas ao exterior remessas que somaram US$ 30 milhões.
Cooperação
A Camargo Corrêa afirmou, em nota, que "está comprometida com as instituições, com a legalidade e com o desenvolvimento dos países onde atua, com seus profissionais, e vai cooperar com as investigações com postura à altura das responsabilidades e dos valores desta organização de 70 anos de contribuição para o Brasil".
Além disso, o comunicado da empresa afirma que "o processo de investigação e o processo judicial são partes fundamentais das regras de uma nação democrática e esses profissionais contam com a constitucional presunção de inocência até o fim do devido processo legal, no qual eles exercerão amplo direito de defesa".
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