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Acusações de que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) teria feito reféns em uma fazenda de erva-mate em Guarapuava, na Região Central do estado, criaram tensão entre a Polícia Militar e os sem-terra do acampamento 20 de Novembro, no distrito de Guará. Segundo os policiais, cerca de 200 pessoas do acampamento mantiveram nove reféns por quase 24 horas na fazenda. Já os acampados garantem que não retiveram a saída dos funcionários da ervateira e que o boato de que havia reféns na propriedade foi espalhado para forçar a desocupação do acampamento.

Os policiais literalmente foram colocados para correr pelos sem-terra. Com foices e facões, dezenas de homens vieram encontrar o pelotão que tentava entrar na fazenda na tarde de quarta-feira. Foi solicitado reforço e, na manhã de ontem, quando a PM retornou ao local, não encontrou acampados. Os funcionários foram levados à delegacia para prestar depoimento e disseram que não foram agredidos, mas que havia pessoas à espreita e que não podiam sair da propriedade. Toras de pinus obstruíam a estrada.

Discursos antagônicos marcam o conflito, que foi acentuado há um mês, com a prisão de 25 acampados que colhiam erva-mate. A polícia alega que integrantes do MST mantiveram em cárcere privado onze pessoas (funcionários da Erva Mate 81 e filhos, sendo uma criança de quatro anos e outra de dois). Duas delas conseguiram escapar. Para a polícia, a real intenção do grupo que invadiu a fazenda era manter os funcionários reféns e com isso extorquir dinheiro dos proprietários da ervateira. Um acampado que tinha mandado de prisão foi detido. A Justiça já concedeu duas reintegrações de posse nas áreas ocupadas.

Em nota, o MST argumenta que os militantes apenas embargaram a colheita de erva-mate, que estava sendo realizada dentro da área do acampamento. Os sem-terra exigiam a documentação da ervateira, comprovando que os 30 alqueires tinham sido plantados pela empresa. "O que causa indignação nas famílias sem-terra é que, há alguns dias, quando 25 trabalhadores sem-terra colhiam erva para sua subsistência, foram presos acusados de roubo. Agora o mesmo fato se repete com uma empresa e nenhuma medida é tomada", diz a nota. A Comissão Pastoral da Terra também se manifestou, por meio de nota, repudiando a ação policial.

Ontem, em Tamarana, na Região Central do estado, a polícia prendeu dez pessoas de um acampamento do MST com 20 armas de fogo. Todos foram ouvidos, nove pagaram fiança e foram liberadas. Apenas um sem-terra ficou detido.

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