Mil e duzentos integrantes do MST e da Via Campesina, a maioria mulheres, invadiram o horto florestal da empresa Aracruz Celulose. Depois de render os vigias, rasgaram as estufas e fizeram questão de arrancar com as mãos as mudas dos viveiros. A ação durou meia hora. Armas artesanais foram usadas no quebra-quebra.
- Quando me pegaram, ameaçaram para que eu não reagisse, porque eles iam fazer alguma coisa - disse Ênio da Silva, vigia.
Os sem-terra também atacaram o laboratório da empresa. Eles quebraram equipamentos e espalharam pelo chão 500 quilos de sementes, que estavam separadas em envelopes. O trabalho de melhoramento das espécies foi perdido, porque as informações ficaram misturadas. Segundo a empresa o prejuízo é de US$ 400 mil.
- É uma agressão para o agronegócio. Isso assusta. Isso vai fazer com que a empresa repense alguns investimentos que faria no estado - disse Renato Rostirrolla, gerente florestal da empresa.
A delegada que investiga o caso disse que foi uma ação planejada.
- Foi um ato de vandalismo que não tem explicação - afirmou ela.
- Essa ação não tem nada a ver com o programa de reforma agrária. O programa se faz constitucionalmente em cima de áreas improdutivas. Portanto, esta ação neste laboratório deve ser tratado dentro do poder judiciário - concluiu Miguel Rossetto, ministro do Desenvolvimento Agrário.
No Pontal do Paranapanema, em São Paulo, cinco fazendas foram invadidas. Em Pernambuco o MST já fez 20 invasões desde o fim de semana. Hoje a polícia cumpriu um mandado de reintegração de posse de uma fazenda em Cabrobó.
Foram levados para a delegacia da cidade 150 adultos e crianças.Em discurso, ontem à noite, Joäo Pedro Stédile, cooordenador do MST, já antecipava quem são os novos alvos do movimento.
- Não é mais o capital industrial que controla a agricultura é o capital financeiro. As transnacionais. O inimigo não é mais o latifundiário tradicional, é o grande capital interinacional - acusou Stédile.
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