Os dez anos do massacre de Eldorado de Carajás serão lembrados nesta segunda-feira com um ato ecumênico na Curva do "S", trecho da rodovia estadual PA-150 que liga Belém ao sul do Pará, onde a tragédia ocorreu. Cerca de 200 jovens do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão acampados na rodovia. Durante todo o dia, ocorrem manifestações em memória das vítimas e em busca de Justiça.
- A gente vai celebrar a resistência dos trabalhadores, dos sobreviventes de Eldorado dos Carajás e de tantos outros trabalhadores que não se intimidaram e continuam lutando pela vida - contou a coordenadora do MST no Pará, Maria Raimunda César, em entrevista à Rádio Nacional.
Segundo ela, o conflito começou quando a Polícia Militar tentou retirar da rodovia os 1.500 sem-terra que protestavam na estrada contra a demora na demarcação de terras.
- O 17 de abril foi um dia onde os latifundiários, numa aliança com o governo do estado e com o comando da Polícia Militar, fizeram o maior massacre de trabalhadores rurais no estado do Pará. A violência continua e nós temos o dever de denunciar a impunidade e o assassinato de trabalhadores no Pará e no Brasil como um todo.
Uma década depois do massacre, os comandantes dos pelotões da polícia que encurralaram os manifestantes aguardam o julgamento de recurso em liberdade. O coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira foram condenados a 228 anos e 158 anos de prisão, respectivamente. Os 142 policiais que participaram da ação e o capitão Raimundo Almendra Limeira foram inocentados das acusações.
A coordenadora do MST no Pará lembrou que o Ministério Público do Pará não indiciou o então governador do estado, Almir Gabriel, e o então secretário de Segurança, Paulo Sete Câmera. Ela responsabilizou os dois pelos crimes.
- Esse massacre foi uma articulação entre fazendeiros, o comando da Polícia Militar e o governo do estado do Pará. O Paulo Sete Câmara e, na época, o governador Almir Gabriel nem sequer foram indiciados no processo. Eles são os responsáveis pelo massacre do Eldorado dos Carajás - disse.
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