No começo de junho, MTST ocupou o escritório da Presidência da República em São Paulo| Foto: Oswaldo Corneti/Fotos Públicas

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) está arrecadando fundos para seus atos contrários ao governo interino de Michel Temer (PMDB) de maneira heterodoxa: com ferramentas de crowdfunding, as campanhas virtuais de financiamento coletivo.

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No site Kickante, foi criada uma campanha de doação de internautas intitulada ‘MTST: Moradia Fica! Temer Sai!’, onde pode-se fazer doações de qualquer valor para o movimento - o mínimo sugerido é de R$ 20, e o máximo, de R$ 3.000.

Segundo o próprio anúncio, as doações têm como objetivo ‘viabilizar o processo de luta e resistência contra o governo Michel Temer e suas propostas de ataque aos trabalhadores e trabalhadoras’.

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‘O MTST preza por sua autonomia financeira’, diz um dos coordenadores nacionais do movimento e colunista da Folha de S.Paulo, Guilherme Boulos. ‘Nós não cobramos mensalidade dos trabalhadores sem teto que moram nas ocupações nem recebemos financiamento estatal ou partidário, então a forma que nós temos de financiar nossa luta é por doações de parceiros ou campanhas desse tipo.’

No ar desde o final de maio, a campanha havia arrecadado R$ 11.343,00 até as 8h20 desta quarta-feira (8), divididos entre 109 contribuintes. O valor corresponde a 26% do total pedido, de R$ 43 mil.

O dinheiro, diz o anúncio, será dividido entre a confecção de bandeiras (R$ 6.000), faixas (R$ 2.000) e cartazes (R$ 2.000), o aluguel de carros de som (R$ 10.500), a compra de instrumentos para a bateria do movimento (R$ 9.000) e despesas com alimentação (R$ 5.000) e ‘materiais de apoio’ (R$ 3.000), totalizando R$ 37,5 mil.

A arrecadação prevê, ainda, mais R$ 5.500 a serem pagos como taxa para a plataforma de financiamento.

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No site, o movimento cita planos para fazer novos atos em capitais como São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Fortaleza, Curitiba, e Brasília, entre outras cidades, ‘escrachos em locais símbolos do golpe’, e novas ocupações.

Conjuntura

Não é a primeira vez que o MTST utiliza uma ferramenta de financiamento coletivo. Em 2015, sob o governo de Dilma Rousseff, criou uma campanha no site Catarse para financiar encontros do movimento arrecadou R$ 42 mil, volume acima da meta de R$ 40 mil.

‘Vimos nessas plataformas uma forma de chegar a um público simpático ao movimento, que quer colaborar, mas que às vezes não sabia como’, diz Boulos.

O MTST rejeita financiamento de grandes empresas, organizações de direita ou que exijam contrapartidas ‘que firam os princípios’ do grupo.

“Recompensas”

Campanhas de financiamento coletivo têm contrapartida da doação, que varia de acordo com o valor dispendido. No caso do MTST, quem doa R$ 20 deve receber, até o dia 3 de setembro, um certificado de participação na coleta.

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Já quem doar o valor máximo, R$ 3.000 (não havia nenhuma doação no valor até o começo desta quarta), ganhará uma edição impressa da revista Territórios Transversais, do movimento, uma visita guiada a uma das ocupações do MTST e adereços: um boné, uma camiseta e uma bandeira.

A campanha tem ainda 20 dias de duração, e é do tipo flexível -ou seja, o movimento ficará com a cota que atingir, mesmo que não bata na meta fixada inicialmente.

Outros financiamentos

O MTST não é o primeiro movimento a fazer uso vaquinhas virtuais para levantar recursos.

Em 2015, o MBL (Movimento Brasil Livre), que esteve no front oposto ao movimento dos sem-teto na questão do impeachment de Dilma Rousseff, arrecadou R$ 59 mil em campanha do Kickante para sua ‘Marcha Pela Liberdade’.

Nela, o prêmio para quem doasse R$ 500 era uma camiseta do MBL autografada pelo humorista Danilo Gentilli.

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