Após uma reunião de mais de quatro horas de duração com a diretoria da Companhia Paranaense de Energia (Copel), o presidente do Operador Nacional do Sistema (ONS), Mario Santos de Melo, admitiu ontem que pode dilatar o prazo de transferência do comando de geração de energia da Copel para Florianópolis, previsto inicialmente para janeiro de 2006. No encontro realizado na sede da Copel, em Curitiba, a empresa paranaense propôs um termo aditivo ao atual contrato, mantendo no Paraná o controle de geração de energia, de tensão, das subestações e na recomposição do sistema.
De acordo com o deputado Rafael Greca (PMDB), autor da ação popular contra a transferência para Santa Catarina da operação do sistema elétrico do Paraná, que está tramitando na 2.ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, e que participou da reunião, o presidente do ONS assegurou ontem que vai manter para a Copel o controle das três usinas do Rio Iguaçu (Foz do Areia, Salto Segredo e Salto Caxias), responsáveis por 90% da energia do estado, e outro centro ficará em Florianópolis. "Não podemos entender o porquê da criação de mais um centro de controle, já que a unidade de Curitiba ficaria responsável apenas pelo controle em situações de anormalidade e Florianópolis ficaria com o controle num quadro de normalidade."
O governo do estado, bem como o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, são contrários à transferência de comando da área de geração, pois alegam que a empresa vai perder sua autonomia e o consumidor poderá pagar mais caro pela energia elétrica.
Enquanto o presidente do ONS, Mario Santos de Melo, alegava que esta será uma transição de caráter técnico e que não haverá perda de autoridade da Copel, o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, alertou sobre a possibilidade do aumento de custos das tarifas para o consumidor. Ghilardi diz que a transferência não garante vantagens ao consumidor e não apresenta garantias de segurança. "A Copel quer operar suas usinas. O patrimônio é nosso, o ativo é nosso e queremos manter esta operação", afirma.
O deputado Rafael Greca destaca que a população do Paraná não concorda com a transferência da operação do sistema elétrico do estado, comandada pela Copel, para o Operador Nacional do Sistema, com sede em Florianópolis, e alerta sobre os riscos de aumento dos períodos de interrupção de energia elétrica, de perda do controle das vazões de cheias do Rio Iguaçu, e ainda sobre a elevação das tarifas. "A Copel é uma empresa pública e a Aneel é uma agência reguladora. Como a Copel vai responder aos seus acionistas se será mandada por uma entidade particular?", indaga Greca.
O deputado lembra que quando Furnas e Eletrosul passaram o controle para o operador nacional tiveram que criar seus próprios centros. "São dois centros de controle que o consumidor deve pagar", esclarece. "Se o controle volta para a Copel na emergência, qual o objetivo da mudança?", indaga.
Novos debates deverão acontecer dentro de duas semanas, quando o presidente do ONS terá uma resposta ao aditivo proposto pela Copel.
O deputado Rafael Greca garante que manterá a ação popular e lembra que o blecaute registrado em 14 de agosto de 2003, na maior cidade do mundo, Nova Iorque, foi provocado pela excessiva centralização. "Não queremos que esse erro se repita no Paraná. Quanto mais dividido for o poder, mais fácil é o serviço", conclui.
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