Dois políticos paranaenses citados em uma possível troca de comando na hidrelétrica de Itaipu negaram hoje (18) terem sido informados sobre a mudança. O atual diretor da empresa binacional, Jorge Samek, disse que não foi procurado para deixar o cargo. O ex-ministro do Planejamento e Comunicações, Paulo Bernardo, declarou que não recebeu convite para substituí-lo. Qualquer alteração precisa ser formalizada por decreto presidencial, que não foi publicado.
“Nos últimos 15 dias, ninguém falou comigo”, afirmou Paulo Bernardo. O ex-ministro, porém, não desmentiu a existência de conversas sobre o assunto desde o ano passado. Marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT), ele dirigiu o Planejamento de 2005 a 2010 (gestão Lula) e as Comunicações entre 2011 e 2014 (governo Dilma Rousseff).
Samek é, atualmente, o mais longevo dirigente do primeiro escalão federal – está há 12 anos no cargo. “Eu trabalho aqui como se fosse vitalício, mas se precisar sair e ir para outra função, também não tem problema”, afirma. Em entrevista ao blog Caixa Zero, da Gazeta do Povo, ele listou motivos para permanecer no cargo, como recentes recordes de produção da usina.
A suposta indicação de Paulo Bernardo gerou reações na segunda-feira (17) no Senado e teria sido criticada até por parlamentares da base aliada ao governo. O líder do DEM, Ronaldo Caiado, chegou a dizer que ele teria dificuldades de ser aprovado pela Casa. A declaração contém um erro de informação, já que a nomeação do diretor de Itaipu cabe exclusivamente ao presidente da República e não precisa de aval dos senadores.
As críticas eram relacionadas às investigações da última fase da operação Lava Jato, que apura o pagamento de R$ 7,2 milhões para o escritório do advogado Guilherme Gonçalves. O escritório dele fez a coordenação jurídica das campanhas eleitorais de Gleisi em 2008, 2010 e 2014. Esses recursos, segundo a Polícia Federal, teriam ligação com a empresa Consist, suspeita de desvios relacionados com a secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, entre 2010 (último ano da gestão Paulo Bernardo) até 2015.
A Consist tem um contrato com duas associações de bancos, que por sua vez fizeram um acordo de cooperação com a secretaria para a realização de empréstimos consignados para servidores públicos federais.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Marcio Adriano Anselmo, que trabalha na Lava Jato, não foi detectada ligação entre o ex-ministro e o esquema. Paulo Bernardo não deu declarações sobre o assunto, enquanto Gleisi e Gonçalves negaram na semana passada participação em irregularidades. Além de Gleisi, o advogado trabalhou para diversos políticos de outros partidos, como o atual secretário de Desenvolvimento Urbano do Paraná, Ratinho Júnior (PSC).
O que Bolsonaro e a direita podem aprender com a vitória de Trump nos EUA
Perda de contato com a classe trabalhadora arruína democratas e acende alerta para petistas
O aumento dos juros e a chiadeira da esquerda; ouça o podcast
BC dá “puxão de orelha” no governo Lula e cobra compromisso com ajuste fiscal