Conflito
Consultor do Senado é um dos advogados da esposa do bicheiro
Folhapress
A mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, relacionou um consultor legislativo do Senado entre os advogados que a representaram na CPI, em depoimento que ocorreu ontem. O consultor Cláudio Demczuk de Alencar é um dos poucos especialistas em Direito Penal entre os consultores do Senado.
Ao mesmo tempo, contudo, ele é um dos advogados do escritório do criminalista José Gerardo Grossi. Os dois atuam, por exemplo, na defesa do deputado federal Eduardo Azeredo no caso do "mensalão mineiro".
Alencar foi nomeado consultor legislativo em 2003. Imediatamente, foi cedido para o Ministério da Justiça, onde integrou a equipe de assessores especiais do então ministro Márcio Thomaz Bastos, advogado de defesa de Cachoeira até a semana passada.
Pelas normas da Casa, um consultor pode advogar, mas não em processos contra a União. No caso, o potencial conflito de interesse envolve os trabalhos da CPI, uma comissão de investigação capitaneada pelo Senado.
A mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, usou o direito de permanecer calada e não prestou depoimento ontem à CPI do Cachoeira. Ela tinha sido convocada na condição de investigada, depois de ter tentado intimidar um juiz de Goiás para liberar o marido da prisão. Com o silêncio de Andressa, quem roubou a cena foi a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Na primeira sessão da CPI do Cachoeira, depois de um mês de recesso, a senadora desafiou a mulher do contraventor a apresentar o dossiê que Andressa teria dito que possuia e que prejudicaria Kátia.
Em outras ocasiões, a mulher de Cachoeira teria afirmado possuir um levantamento com supostas provas de que Kátia Abreu teria pedido contribuições ao jogo do bicho. Andressa teria dito que a senadora "não saía da casa de Cachoeira e teria pedido dinheiro para a campanha". À CPI, a senadora afirmou também que recebeu ameaças em seu gabinete, originadas de um telefone público localizado em Taguatinga, cidade a 20 quilômetros de Brasília.
"É uma tentativa de me amedrontar. Não tenho medo dela e de seu comparsa", disse a senadora, ao informar que protocolou uma interpelação contra Andressa, em Goiânia. "Carminha e Max só na TV. Não vão jogar meu nome no lixão", completou Kátia Abreu, numa referência à novela Avenida Brasil.
Andressa Mendonça decidiu usar do direito constitucional de ficar calada durante o depoimento. A atitude irritou Kátia Abreu, que, sentada na primeira fila, xingou a mulher de Cachoeira enquanto ela deixava a sala da comissão. "Mentirosa e cascateira", gritou a senadora.
Escutas
O outro depoente, Joaquim Gomes Thomé Neto, acusado de ser um dos responsáveis pelas escutas telefônicas que favoreceriam os negócios de Cachoeira, também ficou em silêncio.
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