Após ter seguido Henrique Pizzolato em sua fuga do Brasil e ter permanecido ao seu lado em todos os momentos, desde a clandestinidade até a sua prisão em fevereiro de 2014, Andrea Haas, mulher do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, alega preferir a distância a viver no Brasil. “Não voltei porque aqui estou tranquila, não sofro o assédio da imprensa”, disse. Apesar de estar sozinha, sem ter a família por perto, ela escolheu a vida de cidadã incógnita.
Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do mensalão. Fugiu para Itália em 2013 usando passaporte falso emitido em nome do irmão Celso, morto há pelo menos 30 anos em acidente de carro.
Em Modena, ela prepara um pedido de revisão criminal do mensalão, que deve ser apresentado ao Supremo Tribunal Federal, ainda sem data. Andrea espera que o marido seja novamente julgado. “O fato é que estou mais forte e sei que ele também, o que não quer dizer que a Papuda [penitenciária em Brasília] não seja horrível. Ele não deveria estar lá”, afirmou.
‘Abandono’
A mulher do condenado do mensalão tem queixas contra o PT. “Pizzolato foi abandonado pelo partido, depois que o caso do mensalão explodiu, o PT simplesmente fez de conta que não era com ele (...). A base do partido, a militância, começou a se definhar ali.”
Inconformada com a extradição, ela elogia a população carcerária da Itália. Na prisão de Modena, onde Pizzolato ficou preso 18 meses até ser extraditado para o Brasil, ela se relacionou com familiares de outros detentos e conheceu voluntários que frequentam a penitenciária. “Vi solidariedade entre as pessoas lá dentro.”
Os presos do andar do pavilhão onde Pizzolato estava, tentaram, como puderam, ajudar o brasileiro, e assinaram em massa um pedido feito por um senador italiano para que Pizzolato não fosse mandado ao Brasil.
Ela lembra do momento em que recebeu a notícia de que o marido ia ser levado da prisão italiana pelas autoridades brasileiras. “Foi horrível, imaginávamos que seria naquele dia, mas não tínhamos certeza, até porque estive na prisão naquela manhã e ninguém nos disse nada, nem ele sabia. A direção não nos avisou que aquele seria nosso último abraço. O pastor Romulus [amigo do casal] também esteve com ele, mas deixou a penitenciária sem ser informado”, diz.
O casal viveu em um apart-hotel discreto na periferia de Modena, com diária de 50 euros, de difícil acesso.
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