Trens do metrô parados em São Paulo: dois dias de caos| Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

Faltando alguns dias para o início da Copa, as grandes cidades brasileiras têm enfrentado uma onda de greves de diversas categorias profissionais. Nas últimas semanas, foram registrados paralisações de policiais no Recife, de motoristas de ônibus em São Paulo, Rio e Maranhão e de profissionais de saúde em Curitiba. Na quinta e na sexta-feira, a capital paulista também parou por causa da greve no metrô. Também na sexta, houve protesto de motoristas de micro-ônibus na capital paranaense.

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A concentração de protestos não é por acaso. Desde abril, grandes centrais sindicais têm usado a proximidade do Mundial como elemento de pressão na busca por melhores reajustes salariais. Os sindicalistas sabem que o "Não Vai ter Copa" assusta qualquer governo, de qualquer partido e pesa em uma mesa de negociação.

"Todo ano há greves. O que ocorreu agora é que esses movimentos ficaram concentrados e em evidência por causa da Copa", diz o cientista político Marlus Forigo, professor do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba).

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Na queda de braço entre as categorias, governos e empresas, quem sai perdendo é o cidadão, especialmente no caso dos serviços ditos essenciais. O IBGE paralisou suas atividades em 12 estados e quase ninguém prestou atenção. Um dia de greve de metroviários em São Paulo levou o caos à cidade. No Recife, com os policiais de braços cruzados, houve um aumento da violência com arrastões, saques e mortes, em cenas que lembravam uma cidade sitiada.

"O direito à greve é um direito fundamental e é uma arma que o trabalhador tem para ser utilizada. Mas quando se trata de serviços essenciais, é preciso respeitar o atendimento mínimo", diz a professora de Direito Cons­titucional da UFPR Vera Karam de Chueiri.

Vera também vê na proximidade da Copa uma espécie de catalisador de emoções políticas. "Vivemos um momento sensível por causa da agenda da Copa. Vários movimentos sociais e sindicatos estão aproveitando para dar mais visibilidade para as su­as demandas. É um momento delicado, mas essa tensão é normal na democracia. A questão é saber conduzir isso com o Estado de Direito."

Forigo tem visão semelhante quanto à peculiaridade do momento. "Muitas das reivindicações procedem. Tem razão de ser. Mas, desde ao ano passado, vive­-se um momento de tensão com a Copa, até pelos gastos do governo. A panela de pressão está prestes a explodir e há grupos que usam isso politicamente", diz Forigo. Ele ainda ressalta: "Não podemos esquecer ainda que esse é um ano eleitoral."