O prefeito eleito de Prudentópolis, no Centro-Sul do Paraná, ficou assustado com as dívidas no início do mandato, que somam mais de R$ 7 milhões, para um orçamento anual de R$ 36 milhões. Vereador por duas vezes, Gilvan Pizzano Agibert (PPS) sabia que a prefeitura passava por dificuldades, mas não imaginava que eram tantas. Além do endividamento, a cidade foi deixada pela gestão anterior com o maquinário sucateado e os telefones cortados. Contas de luz estão vencidas. E as faturas das contas de água estão atrasadas desde 2006.
Segundo Rogério Thomas, secretário de Finanças do município, o primeiro dia de trabalho na prefeitura foi desesperador. Os telefones fixos não funcionavam e os 70 celulares adquiridos na gestão anterior estavam cortados por falta de pagamento. O prédio da prefeitura foi encontrado sem condições de uso, sujo e com diversas avarias na estrutura física.
"Nesses primeiros dias de mandato, estamos apenas administrando as contas do ex-prefeito", disse Thomas. As contas de telefone fixo, que somam R$ 53 mil, foram parceladas em 10 vezes para as linhas serem religadas. Já em relação às dívidas dos celulares, que ultrapassam R$ 12 mil, a prefeitura ainda não sabe como resolverá a pendência.
A conta de luz, no valor de R$ 25 mil, está atrasada. Com a Sanepar foram encontrados débitos nos últimos três anos. Segundo Thomas, no ano passado nenhuma conta de água foi paga e a dívida chega a R$ 103 mil. Em 2007, as faturas não pagas são de R$ 50 mil. Em 2006, restam a pagar cerca de R$ 33 mil. "Não sabemos que tipo de convênio que a prefeitura tinha com a Sanepar, mas as contas estão aqui e precisam ser pagas."
Após um levantamento interno, concluiu-se que a prefeitura, somente em 2008, tem mais de 200 credores, entre fornecedores e serviços terceirizados. O prefeito Agilbert diz que o município está entrando em contato com quem seus credores no comércio local e busca renegociar as dívidas para resgatar a confiança dos empresários na prefeitura. "Nossa missão é reverter à imagem da prefeitura de mal pagadora", afirma o prefeito.
Diante do caos administrativo, a prefeitura teve de decretar moratória por 180 dias. "Vamos aproveitar esse tempo para renegociar, rever os contratos firmados da gestão anterior e, se for o caso, denunciar irregularidades ao Ministério Público."
Agilbet diz que a prefeitura terá de enxugar os gastos, diminuir contratações de comissionados e tercerizados. O prefeito acredita que, nos meses de moratória, sejam amenizadas a situações emergenciais. Mas, de acordo com o prefeito, alguns planos para o início de governo terão de ser adiados.
Ferro-velho
As dívidas de Prudentópolis não são o único problema da prefeitura. O parque de máquinas parece um ferro-velho. Segundo Gilberto Lemos do Prado, secretário de Transportes, Obras e Serviços Urbanos, das 12 patrolas do município, apenas duas funcionam. Tratores de esteira também estão sem condições de uso. E o único rolo compressor está estragado. Dos seis caminhões que fazem a coleta de lixo na cidade, apenas um está em condições de circular.
Um caminhão e quatro carros doados pela Receita Federal estão parados por documentação irregular. Enquanto isso, o atual prefeito pede emprestado um carro da Câmara Municipal por não ter nenhum veículo em condições de uso pela prefeitura.
O secretário de Saúde, Julio Durski, diz que das seis ambulâncias municipais apenas duas funcionam. A farmácia do pronto-socorro está fechada por falta de medicamentos. Se algum morador tiver alguma fratura, por exemplo, não poderá ser atentido na cidade. O gesso só deve chegar no início da semana que vem.
Sem contato
A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com o ex-prefeito Vilson Santini (PTB) para que ele comentasse a atual situação da prefeitura. Ele foi procurado em sua empresa, a Rádio Esperança, e na casa dele em Prudentópolis. Os funcionários de Santini alegaram que o ex-prefeito estava em viagem e não souberam informar algum número de telefone em que ele poderia ser localizado.