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Pivô de escândalos nacionais há oito anos, o bicheiro Carlinhos Cachoeira construiu uma teia de contatos políticos multipartidária, que cresce a cada desdobramento das investigações feitas pela Polícia Federal na operação Monte Carlo. Pelo menos dez nomes de relevância foram citados até agora em supostos esquemas de envolvimento com Cachoeira ou com lobistas do jogo ilegal ligados a ele. Há conexões com representantes de legendas de direita, como o senador Demóstenes Torres (que acaba de pedir desfiliação do DEM-GO), e de esquerda, como o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). No tabuleiro do bicheiro, até a polarização entre petistas e tucanos é deixada de lado: derrubou assessores diretos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Confira quem são até agora as principais peças que entraram no jogo:

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Oposição e PT definem estratégias de "guerra" que usarão na CPMI

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Das agências

As cartas estão na mesa. De um lado, a oposição quer encurralar o PT na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, que deverá ser instalada no Congresso na próxima terça-feira, segundo o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP). Os governistas, por sua vez, decidiram que vão concentrar os ataques no senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e nos meios de comunicação.

Os partidos de oposição preparam-se para jogar pesado na CPI e reviver antigos escândalos que envolveram o partido. Entre eles, o que atingiu Waldomiro Diniz, o ex-assessor da Casa Civil na gestão de José Dirceu. Em fevereiro de 2004 uma fita amplamente divulgada mostrou o então assessor parlamentar da Casa Civil pedindo propina para o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Também será procurada alguma ligação entre Cachoeira e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, denunciado pelo Ministério Público como um dos idealizadores do mensalão. Ambos são de Goiás.

De sua parte, o comando nacional petista afirma que deve impedir uma "operação abafa" em torno de Demóstenes . Por meio de uma resolução, a direção nacional do PT indicou que pretende expor "a associação de um setor da mídia" com Cachoeira.

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O documento menciona o suposto envolvimento de Cachoeira com o governador goiano, Marconi Perillo (PSDB), mas não cita o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).

Na noite da última terça-feira, o chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, deixou o cargo após a revelação de que seu nome aparece ligado ao esquema do grupo de Cachoeira. O jornal Folha de S.Paulo revelou ontem que diálogos telefônicos sugerem que a construtora Delta, uma das maiores do país, teria pago propinas para receber pagamentos por serviços prestados ao governo do Distrito Federal. A CPMI deve cobrar explicações de Agnelo, que não conta com apoio incondicional do Palácio do Planalto.

Requerimento

Lideranças do governo no Congresso apresentaram na manhã de ontem versão mais ampliada do texto que vai permitir a instalação da CPMI. Pelo documento, as investigações devem se debruçar sobre as práticas criminosas de Cachoeira, desvendadas pelas operações "Vegas e Monte Carlo", da Polícia Federal. O texto também fala da relação do empresário com agentes públicos e privados.

Para que o requerimento seja encaminhado, são necessárias assinaturas de 171 deputados e 27 senadores. A CPI terá 15 deputados e 15 senadores titulares e o mesmo número de suplentes. PT e PMDB, maiores bancadas na Câmara e no Senado, se articulam para ficar com a relatoria e a presidência da CPI, o que tem gerado insatisfação entre a oposição.

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