Governo estadual reconhece que investiu 44,5% a menos em 2011
O próprio governo paranaense reconhece que em 2011, primeiro ano da gestão do governador Beto Richa (PSDB), a taxa de investimentos foi baixa.
Governo estadual
Taxa de investimento também foi baixa em 2011
No primeiro semestre de 2011, os investimentos do governo do Paraná foram baixos se comparados com outras unidades da federação de economia semelhante à paranaense. Enquanto o governo paranaense investiu R$ 206 milhões em obras ou na compra de equipamentos e bens, Pernambuco e Minas Gerais, por exemplo, aplicaram R$ 1,3 bilhão e R$ 1,2 bilhão, respectivamente. Até governos com capacidade de investimento menor superaram as taxas de investimento paranaense caso de Roraima e Tocantins. "A situação do Paraná conseguiu piorar no primeiro semestre de 2011", diz o técnico-economista do Fabiano Camargo da Silva, do Departamento de Estatísticas e Estudos Socieconômicos (Dieese).
O Paraná foi um dos nove estados brasileiros que diminuíram seus investimentos públicos de 2000 a 2010 em relação ao seu Produto Interno Bruto (PIB). E o primeiro semestre de 2011, início da gestão do governador Beto Richa (PSDB), não indica reversão do quadro. A conclusão é de um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), realizado em parceria com o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR).
O levantamento mostra ainda que o Paraná ocupa a última colocação entre todos os estados do Brasil em termos de investimentos em comparação com o PIB veja infográfico. Em 2000, foram 0,76% do PIB estadual gastos em obras e na compra de bens e equipamentos. Dez anos depois, o índice caiu para 0,62%.
Pior: o Paraná, que chegou a promover 6,5% do total de investimentos públicos feitos pelos estados em 2003, ficou com apenas 1,2% do bolo nacional no primeiro semestre de 2011 índice irrisório para um estado com a 5.ª maior economia do país.
O Dieese, porém, faz uma ressalva no estudo. Estados com menos infraestrutura tendem a ter índices mais elevados de investimentos em obras. Ainda assim, os índices do Paraná ficam atrás dos de unidades da federação tão ou mais desenvolvidas, como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Planejamento
O economista do Dieese Fabiano Camargo Silva explica que o problema está na falta de planejamento dos governos paranaenses, independentemente do partido. "Os investimentos estão relegados a um segundo plano porque não há política nesse sentido, diz ele. "Poderia se falar do período de 2003 a 2010 [gestão do ex-governador Roberto Requião]. Mas o início de 2011 segue o padrão", afirma.
Silva diz que há uma tendência de os investimentos serem cortados, pois são secundários no orçamento. "Normalmente, existe preocupação com os recursos obrigatórios de saúde, educação e recursos humanos. Se sobrar, investe-se", afirma ele.
O presidente do Senge-PR, Ulisses Kaniak, diz que os recursos escassos para o setor se refletem na falta de melhorias para a população. "Saúde, educação e transporte são necessidades básicas para a sociedade, que sofrem com a falta de investimentos", afirma Kaniak. Na avaliação dele, há necessidade de mais ações efetivas e de a administração estadual ouvir mais as sugestões da sociedade civil, especialmente das entidades de classe. "Quando um governo assume, fala de herança maldita. Quem assume em seguida acaba fazendo a mesma coisa e não muda o panorama", diz.
Mais do que não oferecer melhores condições de vida à população, a falta de melhoria da infraestrutura inibe o investimento da iniciativa privada o que naturalmente gera mais empregos. "Não há segurança para investir em razão da falta de melhorias", explica Luiz Claudio Mehl, consultor do Conselho Consultivo do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP).
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