O mau tempo fez a presidente Dilma Rousseff cancelar ontem pela manhã a viagem que faria a Francisco Beltrão (Sudoeste do Paraná) para lançar o Plano Safra da Agricultura Familiar no início da tarde. Sem Dilma, o lançamento foi adiado para o dia 12 pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, no mesmo horário e local. Mas quem disse que Dilma não apareceu? Entre grevistas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Curitiba e da região, que seguravam faixas e pediam apoio e reajuste salarial, surgiu uma sósia da presidente. Márcia Andrade Fonseca deu autógrafos, discursou e ganhou aplausos.
"Nunca esquecerei minhas raízes", disse a pedagoga de Medianeira, que por alguns minutos foi tratada como presidente da República. "Até meu filho me chama de Dilma", contou.
O ginásio Arrudão não estava protegido contra imprevistos. Preparado para receber 4 mil agricultores em área fechada e 3 mil em campo aberto onde funcionariam telões , não chegou a ser ocupado.
Cerca de 800 produtores se concentravam em frente ao local, cercado pela Polícia Militar e sob vigilância da Policia Federal, quando o diretor de Geração de Renda e Agregação de Valor do MDA, Arnoldo de Campos, confirmou o que todos temiam. Não havia condições de pouso nos aeroportos da região devido à previsão de chuva intensa para o horário da aterrissagem, que ocorreria por volta das 13 horas.
Seria a primeira vez que um presidente da República pisaria em solo beltronense, a data mais importante da história da cidade, segundo a imprensa local. As rádios divulgaram que 40 municípios do Sudoeste decretaram ponto facultativo em instituições públicas para receber Dilma.
O silêncio tomou conta do aglomerado em frente ao Arrudão por alguns instantes. Ainda faltavam três horas para a solenidade, marcada para 14h30, e não estava chovendo. Nas horas que se seguiram, continuaram chegando ônibus lotados de produtores que partiram de localidades situadas num raio de 500 quilômetros.
Adiamento
Enquanto se davam conta de que o adiamento era para valer, os agricultores cercaram a barraca de espetinhos de carne de Antonio de Oliveira, que preparou 900 unidades, mas vendeu cerca de 100. "Vai sair tudo em outros pontos nos próximos dias." Agora sua meta é esvaziar o refrigerador antes da visita da presidente na terça-feira, dia 12.
Os políticos da região festejaram a chegada de Dilma em discursos e eventos nas duas últimas semanas. O governador Beto Richa, que chegaria em Beltrão ainda pela manhã para participar da feira Via Tecnológica do Leite, também suspendeu a viagem.
"Não tem problema. A gente volta", disse Manoel da Costa, que mora em Renascença, a uma hora de ônibus do Arrudão. No início da tarde a chuva realmente chegou. Até dia 12, o estádio deve continuar preparado para a visita ilustre. As fotos da presidente continuarão estampadas em outdoors espalhados pela cidade. Quando ela vier, os bancos pretendem estar operando com os R$ 16 bilhões que seriam confirmados.