O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu discurso na festa de aniversário de 36 anos do PT neste sábado (27), no Rio, para fazer sua primeira defesa pública sobre as suspeitas de ter sido favorecido por empreiteiras em imóveis no interior e no litoral de São Paulo. O petista tentou se desvincular das duas propriedades investigadas e atacou o Ministério Público e a Polícia Federal.
Pela primeira vez, o petista disse publicamente ter recebido o sítio em Atibaia de presente por iniciativa de seu amigo Jacob Bittar, fundador do PT, e de “outros companheiros”.
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Leia a matéria completa“Ele inventou de comprar uma chácara para que eu pudesse utilizar quando eu deixasse a Presidência. Fizeram uma surpresa pra mim até o dia 15 de janeiro [de 2011]”, afirmou. “A chácara não é minha”, acrescentou.
Em relação ao tríplex no Guarujá, no litoral paulista, em que há suspeitas de que Lula foi favorecido pela OAS, o petista disse não ter relação com a propriedade.
“Eu digo que não tenho o apartamento. A empresa diz que não é meu. E um cidadão do Ministério Público, obedecendo ipsis literis o jornal ‘O Globo’ e a ‘Rede Globo’, costuma dizer que o tríplex é meu”, apontou, depois de ironizar o imóvel como “tríplex do Minha Casa Minha Vida, de 200 metros quadrados”.
Lula afirmou que parte do Ministério Público se subordina à imprensa e afirmou que “as pessoas que se subordinam dessa forma não merecem o cargo que estão no país, concursadas para fazer justiça, para investigar”.
O ex-presidente disse ainda ter recebido a informação de que terá seus sigilos bancário, telefônico e fiscal quebrados, mas não especificou o que motivou a ordem.
“Se esse for o preço que a gente tem que pagar para provar a inocência, eu faço”, declarou. “Só quero que depois me deem um atestado de idoneidade.”
Conclamando os militantes a não “baixar a cabeça”, Lula disse que os petistas “não podem levar desaforo para casa toda vez que falarem merda da gente”.
O ex-presidente disse ainda que acabou sua fase “Lulinha paz e amor”, expressão cunhada na campanha de 2002, diante da mudança de perfil em relação às eleições anteriores.
O petista saiu em defesa da sucessora, a presidente Dilma Rousseff, que, em um dos momentos de maior tensão com o PT, não compareceu à festa, mas apontou que ela tem que ter certeza de que o PT é “o lado dela”.
“Por mais que possamos ter divergências com qualquer pessoa do governo, esse governo é nosso e temos responsabilidade de fazer dar certo. A gente tem que ter claro e a Dilma tem que ter certeza é que o lado dela é esse, e ela precisa de nós para sobreviver aos ataques que vem sofrendo no Congresso.”
Carta
Em viagem ao Chile, Dilma justificou a ausência dizendo que o país é grande parceiro brasileiro, mas mandou uma carta, lida pelo presidente da sigla, Rui Falcão.
Na mensagem, a presidente fez uma defesa do partido e de Lula e disse que os ataques a seu governo não a “farão recuar”.
O texto, um aceno ao partido no momento de maior distanciamento entre ela e o PT, não foi bem recebido pela cúpula da sigla, insatisfeita com a ausência da presidente nas festividades e com a agenda econômica colocada pelo Planalto com defesa de temas que contrariam bandeiras históricas da sigla, como a reforma da Previdência.
A leitura da carta foi acompanhada por gritos de “não vai ter golpe”. Antes do discurso de Lula, foi exibido um vídeo com imagens do ex-presidente cercado por eleitores.
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