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O adversário

Programa tucano evitou atacar Lula

Das agências

Brasília - O programa televisivo do PSDB foi ao ar exatamente uma semana antes da inserção publicitária do PT. Os tucanos optaram por uma estratégia completamente diferente da dos petistas. Foram apresentados os dois pré-candidatos à Presidência da República pelo PSDB – os governadores José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais). Os dois dividiram o tempo do programa, trocaram elogios e não atacaram o presidente Lula.

Primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para a sucessão presidencial, Serra disse que o maior desafio do Brasil é a saúde. O governador lembrou o trabalho que desempenhou como ministro da Saúde e as ações que está implantando em São Paulo. "Remédio para os mais pobres tem de ser de graça", defendeu. O mineiro Aécio Neves destacou a necessidade de mais segurança. "Em Minas, nos últimos sete anos, investimos mais que qualquer outro estado em segurança pública."

Os dois também falaram da importância da educação, cursos profissionalizantes, geração de empregos e redução das desigualdades regionais do país, principalmente no Nordeste – um dos principais redutos eleitorais de Lula.

Embora estejam buscando a preferência do partido para disputar a eleição e tentando passar a imagem de unidade, Serra e Aécio não se entendem sobre a data para o PSDB definir qual dois dois será o candidato. Aécio chegou a dizer, no início da semana, que nesta sexta-feira poderia haver uma definição. Mas, ontem, a cúpu­­­la do partido informou que o nome não sai tão cedo.

O programa de televisão do PT que foi ao ar ontem à noite em todo o país confirmou a estratégia do partido de tentar desqualificar o governo anterior do PSDB e colar a imagem da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, com a do presidente Lula (PT) – que atingiu 83% de popularidade segundo a última pesquisa CNI/Ibope. A pré-candidata foi apresentada por Lula como a principal coordenadora das políticas de governo, tais como o Programa Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o programa Minha Casa, Minha Vida e o pré-sal. Em contrapartida, o PSDB foi rotulado como partido dos ricos, das privatizações, do aumento de impostos e da discriminação ao Nordeste.

No programa de 10 minutos, a petista apareceu reunida com outros ministros como a chefe da equipe. O publicitário João Santana, autor da peça publicitária, procurou traçar o perfil de uma mulher decidida e conhecedora do governo.

A imagem que o PT tentou passar é de uma mulher competente, que aprendeu a administrar com Lula e pode continuar governando sozinha. "Mulher faz tudo com muito amor, dedicação e competência", disse o presidente, ao destacar que tem uma grande equipe encabeçada por Dilma Rousseff.

Ao retribuir os elogios feitos pelo presidente, a ministra disse que o Brasil tem o desafio de crescer rápido e ser a quinta economia mundial, com as áreas de saúde e educação entre as primeiras do mundo. O tom da fala de Dilma foi quase um pedido de voto. "Nós já aprendemos o caminho. Presidente, eu penso igual ao senhor, a gente fez muito e precisamos fazer mais."

As críticas aos oito anos de governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), permearam todo o programa. O governo do PSDB foi criticado porque teria privilegiado só os endinheirados, separando "o que era coisa de pobre e rico", priorizando as privatizações e abandonado a Região Nordeste, principal base eleitoral de Lula. Os ataques e comparações entre a atual gestão e a anterior não foram feitas por Lula nem por Dilma, mas sim por locutores ou apresentadores.

Comparativamente, o governo petista foi apresentado como o que salvou a economia, distribuiu renda, aumentou os níveis de emprego e reduziu os preços dos carros e eletrodomésticos. Tudo marcado com depoimentos de pessoas simples que teriam aumentado o poder de compra nos últimos oito anos. "É um presidente que olhou para a pobreza", disse o apresentador do programa.

Estratégias corretas

Para o cientista político Ricardo Oli­­veira, professor da UFPR, o programa de televisão deixou claro que a linha política do PT é procurar co­­­nectar a alta popularidade de Lula à ministra candidata.

O governo e o PT, segundo ele, vão insistir em mostrar os resultados da gestão Lula na economia, com projeção de crescimento acima de 5% para 2010. Também devem ser destacadas a política so­­­cial e o projeto nacional ligado a grandes obras e ao petróleo do pré-sal. "Essa é a linha que o PT está usan­­do para tentar convencer o eleitorado, já que os índices (de intenção de voto) da ministra estão crescendo, mas aquém do que o PT imagina atingir", disse Ricardo Oliveira.

Com a popularidade crescente de Lula, a estratégia do PSDB é não atacar o presidente. Para o cientista político, a oposição vai esperar o ano que vem para um debate direto com Dilma. "Se tentarem atacar já o Lula, saem perdendo devido à alta popularidade dele. É estratégia adequada não fazer oposição neste ano, ignorar o presidente e esperar confronto direto com a Dilma", avalia Oliveira.

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