O programa do PSDB que foi ao ar na noite desta quinta-feira (3) foi uma tentativa de desconstruir a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, renovar a própria imagem do partido e de aproximar os tucanos dos eleitores jovens. Nos dez minutos destinados à propaganda partidária, metade explorou a figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que respondeu a perguntas feitas por jovens em uma espécie de talk show. Na segunda parte, lideranças se revezaram em um balanço do desempenho do PSDB nas eleições do ano passado e do papel que o partido pretende ter como oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff.
FHC reconheceu os avanços socioeconômicos do País nos últimos anos, mas disse que Lula o decepcionou ao fazer uma gestão que avaliou como conservadora e complacente com a corrupção. "Eu conheci o Lula no ABC, em São Bernardo do Campo, o Lula inovador que dizia que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) precisava ser liberada, que os trabalhadores precisavam de uma nova forma de relação, um sindicato mais independente, um plano de reformas, que precisava mudar o Brasil", afirmou FHC.
"Ele não fez isso. Acho que ele foi conservador, aceitou muita coisa que não era boa de aceitar. Todo mundo faz alianças, eu também fiz, mas ele ficou até o fim, até promoveu mais alianças com setores muito atrasados no Brasil e permitiu que houvesse uma certa complacência com corrupção. Nesse lado me decepcionou, talvez mais como pessoa do que como presidente".
No programa, FHC reconheceu que os partidos brasileiros, de forma geral, e o PSDB, especificamente, precisam de uma "chacoalhada". Disse que o PSDB foi fundado para renovar o Brasil e a política. "Mas precisamos estar mais próximos das pessoas, do povo, com menos pompa e coisas mais diretas", afirmou.
Ele também fez um discurso em defesa do meio ambiente. "Precisa ter juízo, bom senso, não dá para crescer a qualquer custo, a qualquer preço. Isso é o passado, no período dos militares era assim, cresce, cresce, cresce, destrói, grandes obras, não se preocupa com nada. Isso não é mais saudável, o mundo hoje quer crescimento com respeito ao verde e nós precisamos e podemos fazer isso".
Alckmin
Na segunda metade do programa, os destaques são a participação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), do líder do partido na Câmara Duarte Nogueira (SP), e do senador Álvaro Dias (PR). Não gravaram declarações o senador Aécio Neves (MG) e o ex-governador José Serra, derrotado nas eleições presidenciais de 2010.
Guerra foi o mais crítico em todo o programa. Sem citar o nome de Lula nem o de Dilma, ele ressaltou que Serra obteve 44 milhões de votos nas eleições. "Parte expressiva da população não concorda em continuar tudo do jeito que está. Lutamos contra um adversário que abusou do poder econômico e zombou da Justiça Eleitoral", afirmou. Em mais uma menção sobre as eleições, Guerra negou que o PSDB tenha a intenção de dividir o País. "Somos todos um só, um só povo, uma só nação. Nós não queremos dividir o Brasil. Nós, do PSDB, queremos a mesma coisa que você quer. Um país melhor de verdade", afirmou.
Alckmin foi o único dos 10 governadores eleitos pelo partido no ano passado a gravar uma participação no programa. Coube ao locutor do programa citar e apresentar os demais governadores. "O PSDB não é apenas o partido das boas ideias. Nós somos o partido que é capaz de transformar para melhor e de verdade a vida das pessoas", disse Alckmin. "Isso é percebido e aprovado pela população. Essa capacidade de governar nos tornou o partido que mais elegeu governadores no País".
Álvaro Dias e Duarte Nogueira defenderam uma atuação "implacável" contra a corrupção, uma oposição fiscalizadora, as reformas, o reajuste da tabela do imposto de renda e o salário mínimo de R$ 600.
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