O advogado Luís Roberto Barros afirmou nesta terça-feira (7) que o ex-ativista de esquerda Cesare Battisti está "apreensivo e muito nervoso", aguardando a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que definirá sua situação.

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Nesta quarta-feira (8), a Corte define se o italiano será extraditado ou permanecerá em liberdade no Brasil. Preso desde 2007 no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, Battisti recebeu na tarde desta terça a última visita dos advogados de defesa antes do julgamento no Supremo.

"Ele está muito nervoso, apreensivo, mas muito sereno. Quem está aguardando a definição do próprio destino nunca vai estar completamente tranquilo", disse Barroso.

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Battisti não pretende acompanhar a sessão do STF desta quarta, segundo o advogado. O presídio permite que ele ouça a transmissão do julgamento pelo rádio, como aconteceu em 2009, quando o STF autorizou o pedido de extradição feito pelo governo italiano.

"Não creio que vá assistir pela televisão nem ouvir pelo rádio. Da vez anterior, ele ouviu, mas isso foi uma experiência muito traumática", afirmou a defesa do italiano.

Acusado de quatro assassinatos, ocorridos na Itália, durante a luta armada, na década de 70, Battisti foi condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana. Mais de 30 anos depois do episódio, o advogado afirma que o ex-ativista italiano se tornou "um homem pacato", que sofre por não ter participado da criação das duas filhas.

"É um homem sofrido, amargurado, mas é um intelectual. Tem projetos e isso mantém um pouco a vitalidade das pessoas. De modo que ninguém que passa pelo que ele passou é alguém sem cicatrizes. É um homem pacato que não oferece risco a ninguém, um comunista de antigamente. É um absurdo mandar esse homem pra prisão perpétua", disse Barroso.

O caso

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No julgamento desta quarta, será a terceira vez que os ministros do Supremo discutirão o caso. Em novembro 2009, por 5 votos a 4, o Supremo permitiu a extradição, mas deu a palavra final ao presidente da República

Em dezembro do mesmo ano, o plenário se reuniu novamente e modificou o entendimento, afirmando que o chefe do Poder Executivo deveria se basear nas regras do tratado de extradição firmado entre Brasil e Itália.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou o pedido de extradição feito pelo governo italiano, no dia 31 de dezembro de 2010.

Nesta quarta, o STF vai analisar novo pedido do governo da Itália - para que seja cassada a decisão de Lula. Essa intervenção da defesa do governo italiano foi responsável pela reabertura do processo, em janeiro deste ano.

Segundo a defesa da República Italiana, a decisão do ex-presidente é "ilegal" porque desconsidera a decisão do STF e descumpre regras do tratado de extradição celebrado entre Brasil e Itália, no final da década de 80.

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Depois que o caso foi reaberto, a defesa de Battisti fez dois pedido de liberdade, que foram negados por ministros do Supremo.