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Novato em Brasília, Rossoni preferia ter ficado no Paraná, como secretário estadual, mas foi preterido | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Novato em Brasília, Rossoni preferia ter ficado no Paraná, como secretário estadual, mas foi preterido| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Ex-presidente da Assembleia Legislativa e protagonista da política estadual nos últimos quatro anos, o recém-empossado deputado federal Valdir Rossoni admite que não está sendo fácil a adaptação ao cotidiano no Congresso Nacional. O parlamentar confirma que gostaria de ter permanecido no Paraná. Chegou a conversar com o governador, Beto Richa (PSDB), sobre a possibilidade de ser secretário, mas foi preterido.

Em entrevista à Gazeta do Povo em seu novo gabinete na Câmara (que tem cerca de um sexto do tamanho do antigo gabinete na Assembleia), Rossoni, que também é presidente estadual do partido criticou a ausência de tucanos em cargos-chave da gestão Richa. Também alfinetou o prefeito Gustavo Fruet (PDT) e o Judiciário . Sobre o futuro, revelou a pretensão de concorrer a prefeito de Curitiba, em 2016.

O sr. revelou que conversou com o governador Beto Richa para ser secretário, mas que não deu certo porque houve má vontade dos deputados estaduais. Como foi isso?

Quando conversei com o governador, logo após o PSDB perder as eleições para a Presidência da República, eu coloquei que seria mais útil neste momento no Paraná. Eu vi que agradou a ideia, até porque eu sou experiente. Mas aí, a questão foi se distanciando e não houve espaço para mim.

O sr. tem dito que, como presidente da Assembleia, atingiu interesses de alguns deputados estaduais e que depois esse grupo promoveu uma retaliação. Eu até compreendo o governador. O meu estilo de agir é sempre com a verdade. Não tenho dúvida que eu fui muito impopular internamente na Assembleia, enquanto na rua foi o contrário. Na eleição anterior eu fiz 2 mil votos em Curitiba e região metropolitana. Agora eu fiz 50 mil, que é um sinal de que eu agradei a população.

Tem como falar em nomes que trabalharam contra sua nomeação para o secretariado? Não quero falar em nomes, mas existem alguns que se consideram sangue-azul, entende? Há uma casta política no estado que está pendurada no setor público.

Durante a sua gestão, a Assembleia teve um grande aumento de receitas, muito em função da vinculação do orçamento do Legislativo a uma porcentagem das receitas estaduais (3,1%). As vinculações, têm colaborado para a crise financeira do Executivo. O sr. é a favor de mudanças nesse modelo? Sou totalmente favorável. Para todos os poderes. O primo pobre é o Executivo. Os primos ricos são o Judiciário, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Assembleia. Tem gente que critica como eu devolvia dinheiro da Assembleia para o governo. Mas pode ter certeza que é salutar , suscita fiscalização.

Os demais poderes poderiam ajudar o governo a enfrentar a crise financeira cortando despesas? Não tenho dúvida disso. Não quero discutir se o MP ou o Judiciário merecem ganhar um pouco mais ou um pouco menos. O que não pode é o governo do estado não conseguir honrar a folha de pagamento e os poderes com R$ 200 milhões no caixa. Temos que ter a compreensão que o dinheiro é dos paranaenses. Vou citar um exemplo: você vai numa cidade média do Paraná e vê um fórum maravilhoso, enquanto a escola estadual está caindo aos pedaços.

Para finalizar a história do seu pedido para ser secretário, o sr. não acha que o governador poderia ter bancado a sua nomeação sozinho? Todas as vezes que o governador precisou e todas as vezes que ele precisar novamente para defender as causas do partido, do Paraná, ele teve e terá o meu apoio. Agora, a resposta para essa pergunta cabe a ele.

O sr. se sentiu traído ou chateado pela decisão? Falei para o próprio governador que eu estava triste. Porque eu sinto que o PSDB não está contemplado à altura no governo dele. O chefe da Casa Civil é do PSD [Eduardo Sciarra]. O outro nome mais forte do governo é o Ricardo Barros, do PP . Nada contra eles. Mas quem faz o contraponto do PSDB no governo? Nós temos dificuldades de construir o partido no Paraná.

Qual avaliação o sr. faz da gestão Richa?. Um colega deputado goiano me disse que o governo de Goiás teve R$ 9 bilhões do governo federal [em empréstimos]. O Paraná teve R$ 800 milhões, conseguidos na Justiça. Hoje os estados não têm mais capacidade de investimento, se não houver colaboração do governo federal. Por isso se fala tanto em reforma do pacto federativo.

Mas o Paraná foi o estado que registrou o maior aumento de receita corrente líquida nos últimos quatro anos. É verdade. Também espero que ele encontre condições de fazer uma reforma administrativa ampla. E, além de aumento de impostos, que dê a contrapartida do estado, o sacrifício, que corte na carne.

Como presidente da Assembleia, o sr. tinha um gabinete enorme e muitos recursos. Como deputado federal, a realidade é outra, bem mais modesta. É difícil se adaptar? Dizer que é fácil, não é não. Mas quantos não querem ser eleitos para deputado federal com quase 180 mil votos? Eu tenho que me dar por feliz. Não sou apegado a tamanho, sou apegado a capricho. Já dei uma volta pelas Casas Bahia para comprar o que preciso.

Qual será a estratégia para não ser só mais um dos 513 deputados federais? Agora eu me espelho um pouco no que fiz no governo Requião. Quando eu ia para o plenário naquela época, todo mundo queria saber qual seria o assunto do dia. Eu pautava a Assembleia. Claro que aqui é mais difícil. Mas eu vou me dedicar. Daqui a pouco vão começar a me enxergar. Vou fazer oposição radical. Não há como ser meia oposição. Eu vejo o PT hoje como o velho PDS. Vai chegar um momento em que eles não vão nem poder sair na rua.

O sr. há tempos pleiteia ser candidato a uma eleição majoritária. Quais são os planos ? Eu sou uma pessoa de grupo. Nessas eleições eu tinha todas as condições de sair candidato ao Senado. Mas o Beto Richa e o Aécio conversaram comigo e me pediram que eu entendesse que o acordo com o Alvaro Dias deveria ser garantido. Caso contrário, ele teria saído do PSDB. Eu não posso ser responsável por um quadro do porte do Alvaro sair .

O sr. acha que venceria a disputa, mesmo contra o Alvaro Dias, que fez 77% dos votos válidos? Não tenha dúvida que o Alvaro não teria feito todos esses votos. Faltou adversário para ele. Sinceramente, tenho visto que a população gosta do meu estilo firme e verdadeiro. Eu vejo no setor público que os governantes não estão preocupados em tomar medidas duras. Desculpe-me por fazer uma crítica ao Gustavo Fruet: ele seria um excelente senador, mas como prefeito deixa muito a desejar. Por quê? Não toma atitude. Eu, se for disputar a eleição para prefeito de Curitiba, primeiro vou apresentar uma proposta de enxugamento da máquina.

O sr. acaba de confirmar que quer ser candidato a prefeito de Curitiba em 2016. Eu gostaria. Sabe por quê? Eu faria uma revolução. Eu não sou um urbanista. Mas eu sou um gerente. Urbanista eu contrato. Eu nunca falei isso para a imprensa, mas a forma como eu faria a campanha seria inovadora.Vamos mostrar onde estão os desperdícios.

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