Em reunião de sua Executiva Nacional no dia 3 de maio, o PSDB deve fechar questão sobre não participar do provável governo Michel Temer (PMDB). Parte dos tucanos vinha defendendo nos bastidores que o partido apoiasse Temer no Congresso, mas não aderisse ao governo. Deputados do PSDB ouvidos pela reportagem defendem que, dessa forma, o partido não corre o risco de “entrar em uma embarcação que pode naufragar”, o que colocaria em fisco o projeto tucano para o país.
Há hoje no PSDB três nomes dispostos a concorrer à Presidência em 2018: o presidente nacional, senador Aécio Neves (MG), o governador Geraldo Alckmin (SP) e o também senador José Serra, este último cotado para integrar o governo Temer.
Na noite desta quinta-feira (21) governadores tucanos engrossaram publicamente o discurso que vinha sendo repetido nos bastidores, defendendo que o PSDB não tenha cargos no provável governo Michel Temer.
Pedro Taques (MT) e Beto Richa (PR) que participam do Fórum Empresarial, promovido pelo Lide em Foz do Iguaçu, afirmaram que começa a se firmar um consenso entre tucanos nesse sentido.
“Sou contra ter cargos. Acho que podemos apoiá-lo no Congresso Nacional em cima de propostas. Lutamos pelo impeachment, não podemos deixá-lo só”, disse Taques.
“Não há necessidade de ocupar cargos”, afirmou Beto Richa, governador do Paraná.
Nesta semana, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, seguiu na mesma linha, ao afirmar que “não vê razão” para o PSDB ter cargos no governo peemedebista.
Na reunião da Executiva Nacional, será apresentada à instância máxima do partido uma carta elaborada pela bancada tucana no Senado para ser levada a Michel Temer. Ela reúne um conjunto de “princípios e medidas” que o partido considera essencial para dar apoio no Congresso a um possível governo do peemedebista.
Os tucanos reuniram onze pontos para, segundo diz o texto, a “formação de um entendimento partidário que promova a conciliação nacional e a construção de um ambiente político-institucional que permita ao país superar este grave momento de sua história”.
“Fundamental é ter o PSDB na base”
O senador Romero Jucá (RR), presidente nacional do PMDB, minimizou nessa quinta-feira (21), em um evento com empresários em Foz do Iguaçu organizado pelo empresário tucano João Doria, a resistência do PSDB em integrar o ministério de um eventual governo Michel Temer. “O fundamental é ter o PSDB na base parlamentar, e isso está definido.”
A avaliação dele é que, se a presidente Dilma Rousseff for afastada do cargo, o próximo governo contará com uma base parlamentar de 367 deputados federais. Ou seja: o mesmo número de deputados que apoiaram o impedimento na Câmara.
Maior partido de oposição, o PSDB tende a manter distância institucional da gestão Temer. Por isso o dirigente do PMDB faz conta com o apoio em peso dos tucanos nas votações mais importantes. “A base começa a se desenhar com 367, que é mais que os 302 necessários para aprovar uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional)”, diz Jucá.
O senador também falou sobre a ação do PSDB que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pede a cassação da chapa Dilma-Temer. “Se houver a cassação de Dilma, haverá perda de objeto da ação criminosa que a questão do PT. O vice-presidente não pode ser penalizado por causa disso.”
O dirigente peemedebista fez críticas aos petistas. “O PT tem que sair do poder e se reciclar para depois se credenciar e disputar novamente.” O aguardado discurso de Dilma Rousseff na ONU também foi tema da conversa dele com os jornalistas em Foz do Iguaçu.
“O apoio que o governo tem em nível internacional é a Venezuela com o Maduro, a Bolívia com o Evo, o Equador com o Rafael Correa e na Argentina a ex-presidente Cristina Kirchner. Espero que Dilma no avião possa rever essa posição. Seria muito triste esse vexame externo.”
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