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O presidente do consenso, que ouvirá as partes interessadas antes de tomar as decisões importantes na Casa. É assim que se anuncia Aldo Rebelo, deixando claro que não pretende ser tábua de salvação para o governo, nem refém da oposição. Ele passou o primeiro dia no cargo dizendo que sua eleição em nada aliviará a situação dos envolvidos no escândalo do mensalão. No gabinete antes ocupado por Severino Cavalcanti, houve mudanças físicas de estilo e crença. Na estante onde o católico carismático montara um santuário com várias imagens, o comunista pôs muitos livros. A única peça de decoração era um vasinho com ramo de arruda. Para espantar mau agouro, olho gordo e dar sorte.

Qual será sua conduta nas votações dos processos de cassação do mandato de deputados por quebra de decoro parlamentar?

ALDO REBELO: O julgamento é atribuição do Conselho de Ética e depois do plenário da Câmara. Qualquer deputado que presida essas sessões tem que se basear nos princípios da isenção, do equilíbrio, do rigor e do espírito de justiça.

O senhor foi testemunha de defesa do deputado José Dirceu (PT-SP). Não vê constrangimento de presidir a sessão em que ele será julgado?

ALDO: Os critérios valem para todos os deputados processados cujos julgamentos chegarem ao plenário da Câmara. Qualquer deputado que presidir essa sessão terá que agir com equilíbrio, rigor, espírito de justiça e de isenção.

O que é possível mudar na legislação eleitoral e partidária para vigorar já na votação do ano que vem?

ALDO: Julgo mais prudente aguardar as consultas que os líderes farão no fim de semana. Na terça-feira vou reunir o colégio de líderes para decidir o que pode ser votado imediatamente e o que deve merecer um debate mais profundo. É prudente aguardar a orientação dos líderes.

O senhor sempre adotará decisões aprovadas no colégio de líderes?

ALDO: O presidente vai ter sua parcela nas decisões. Mas como método é mais aconselhável, na busca do entendimento e do consenso, não antecipar suas decisões. Primeiro ouvir para depois decidir talvez com mais equilíbrio.

O seu partido, o PCdoB, defende a redução da cláusula de desempenho de 5% dos votos para a Câmara para 2%. O senhor pretende pôr essa proposta em votação?

ALDO: O meu partido na Câmara é igual aos outros. Não terá qualquer preferência e também não sofrerá preconceito. Minha atitude será de respeito a todos partidos e às decisões da maioria.

O clima de confronto eleitoral travado com a oposição vai se ampliar ou se reduzir em sua gestão?

ALDO: Posso assegurar que não contribuirei em momento algum para o acirramento de conflitos, nem de disputas nem de confrontos. Vou procurar conduzir a Câmara com espírito de negociação e de pacificação, respeitando as divergências entre os partidos e aquelas críticas feitas dentro de limites democráticos e civilizados.

Como o senhor recebeu a crítica de ter sido eleito pelos partidos do mensalão?

ALDO: Não tomei conhecimento disso. Acho que os partidos fazem suas críticas e recebem as respostas, e o presidente da Câmara não deve polemizar com os partidos.

Com sua vitória o governo retoma a maioria na Câmara?

ALDO: Creio que o líder do governo na Casa é a pessoa mais indicada para fazer uma avaliação da situação da base do governo. Eu tenho que presidir os deputados que militam, atuam, e que professam idéias e credos em todos os partidos.

O senhor tem planos para se desvincular dessa imagem de ser o candidato do Palácio do Planalto?

ALDO: Não acho que esta vinculação esteja estabelecida para a maioria dos deputados. Sempre declarei que como presidente da Câmara agirei para manter o Poder Legislativo independente mas ao mesmo tempo harmônico com os demais poderes.

Como é ter sido eleito com o apoio do PT cerca de três meses depois de ter sido demitido do Ministério justamente pela pressão dos petistas?

ALDO: Eu não creio que tenha deixado o Ministério do governo Lula por pressão do PT. Sai na reforma ministerial porque o presidente considerou que meus serviços podiam ser feitos por outros companheiros. Sempre tive uma relação de muita cooperação com o PT e sempre considerei nossas divergências como um elemento natural da vida democrática e política do país.

O senhor se transformou na tábua de salvação do governo Lula?

ALDO: Não pretendo ser tábua de salvação nem da oposição nem do governo. Pretendo conduzir a Casa dentro das expectativas da sociedade brasileira e do nosso país.

Qual sua marca ou meta na presidência da Câmara?

ALDO: Quero agir com simplicidade e quero procurar servir a Câmara dos Deputados porque é uma forma de servir ao povo e de servir ao Brasil.

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