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Lula falou para uma multidão na Avenida Paulista, em São Paulo. | Nelson Almeida/AFP
Lula falou para uma multidão na Avenida Paulista, em São Paulo.| Foto: Nelson Almeida/AFP

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao ato pró-governo em São Paulo por volta das 19h desta sexta (18), sob aplausos de manifestantes, que gritam “Lula guerreiro”, “não vai ter golpe” e também “fora, Cunha”. Lula também gritou “não vai ter golpe”.

Segundo a organização, 250 mil pessoas participaram no ato. A PM não fez estimativa.

“Eu virei outra vez ‘Lulinha paz e amor’. Não vou lá para brigar, vou lá para ajudar a companheira Dilma a fazer as coisas que ela precisa fazer por esse país”, afirmou Lula, em seu discurso. “Eu acho muito engraçado que essa semana inteira alguns setores ficaram dizendo que nós somos os violentos. E tem gente que prega a violência contra nós 24 horas por dia.”

“Venho dizer aos companheiros que fazem protesto contra mim: protestem, eu nasci na vida protestando, fazendo greve, fazendo campanha pelas Diretas. Mas eu queria dizer que eles têm que saber que estas pessoas que estão aqui, de vermelho, são parte das pessoas que produzem o pão de cada dia do povo brasileiro. Elas não estão aqui porque tiveram metrô de graça, não estão aqui porque foram convocadas pelos meios de comunicação a semana toda. Elas estão aqui porque sabem o valor da democracia, porque sabem o valor de fazer o pobre subir uma escala no degrau da economia. Se eles comem três vezes por dia, nós queremos comer três vezes por dia”, discursou Lula.

“Essa é a verdadeira posse de Lula como ministro da esperança do país”, disse Rui Falcão, presidente do PT, em cima do carro de som onde está Lula.

Nesta sexta (18), a Justiça Federal em Assis (SP) concedeu a terceira liminar contra a posse de Lula como ministro-chefe da Casa Civil.

“Esse ato histórico que acontece na avenida Paulista não é um ato em defesa de um governo, não é um ato em defesa de um partido, não é um ato em defesa de um homem ou de uma mulher. É um ato em defesa da república federativa, da democracia brasileira”, afirmou o prefeito Fernando Haddad (PT), também no palanque. “O que está em jogo hoje é o mínimo que a Constituição estabelece, são as garantias individuais de cada um de vocês.”

Haddad disse que o ato defende também os direitos de quem protestou no último dia 13, ou seja, os manifestantes pró-impeachment. “Ninguém pode ter suas conversas íntimas publicizadas quando não são de interesse público”, disse o prefeito.

Ônibus chegaram do interior de São Paulo e do ABC com manifestantes. Eles usam roupas vermelhas soltaram até uma fumaça desta cor na avenida–, tocam o jingle que lançou Lula em 1989, “Lula lá, brilha uma estrela” e cantam “agora, ficou sinistro, o Lula virou ministro”.

O ex-presidente, aliás, é o protagonista do protesto. Há poucas menções à presidente Dilma. Na avenida, camelôs tentam, sem sucesso, vender as bandeiras do Brasil que fizeram sucesso no protesto pró-impeachment de domingo (13). O cantor Chico César se apresentou na avenida. Ao fim de cada música, gritos de “não vai ter golpe”.

Manifestantes criam uma jararaca de tecido e cartolinas, em alusão ao animal escolhido por Lula para personificar a si próprio.

Por volta das 17h15 desta sexta (18), manifestantes da CUT e do PT jogaram garrafas de plástico e chegaram a trocar socos com um grupo pró-impeachment que tentou abrir um cartaz contra Dilma em frente à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A PM dispersou a briga com spray de pimenta.

Por volta de 16h50 desta sexta (18), um grupo contra Lula e Dilma chegou prometendo abrir faixas e cartazes em frente à Fiesp. Um empresário de Mauá, Mauro Romam de Melo, 51, levou seus funcionários para fazer uma “resistência pacífica”, segundo ele.

“O Lula quando fica doente vai pro Sírio-Libanês. Eu tenho que ir para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento]. E a UPA é um lixo, tá ligado?”, diz um dos funcionários, Allan Oliveira, 19.

Atos pró-governo ocorrem em pelo menos 25 Estados e no Distrito Federal, nas cidades de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Curitiba (PR), Brasília (DF), Manaus (AM), Boa Vista (RR), Florianópolis (SC), Recife (PE), João Pessoa (PB), Salvador (BA), Aracaju (SE), Natal (RN), Fortaleza (CE), Maceió (AL), Belém (PA), Teresina (PI), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), São Luís (MA), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Campo Grande (MS), Macapá (AP), Porto Velho (RO) e Cuiabá (MT). No Rio, manifestantes levaram bandeiras da Petrobras; outros cantaram “acabou o caô, o ministro chegou, o ministro chegou”, parodiando funk de sucesso na cidade.

Pelo menos oito Estados tiveram atos contra o governo: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Alagoas e Rio Grande do Sul.

Pró-impeachment

Manifestantes pró-impeachment ocuparam a avenida até a manhã desta sexta (18), quando foram dispersados por volta das 9h pela Tropa de Choque da PM, que usou bombas de gás e caminhão com canhão de água. Os manifestantes se dirigiram para a avenida Nove de Julho, onde fecharam duas pistas.

Esses manifestantes dormiram na quarta (16) e na quinta-feira (17) na avenida Paulista, em protesto contra Lula e Dilma –eles pedem a renúncia ou o impeachment da presidente.

Barracas foram montadas na via, em frente ao prédio da Fiesp, tática utilizada no movimento Occupy (“ocupe”), que se alastrou por várias cidades dos EUA em 2011 e resultou em acampamentos em praças e avenidas, com temática anticapitalista.

O clima era de festa e relação amistosa com policiais –com direito a selfies–, até a manhã desta sexta (18), quando foram dispersados pelos policiais da Tropa de Choque. Quando foi à Paulista, o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, foi xingado de “fascista”. Deixou a avenida escoltado.

Casos de violência foram registrados. Na quinta (17) rapaz vestido de vermelho foi agredido, chamado pelos manifestantes de “petista”.

Um casal de manifestantes tentou separar a briga e também apanhou. A polícia os retirou da Paulista de camburão. Mais tarde, um estudante de 17 anos passou pela avenida e gritou “não vai ter golpe”. Acabou cercado e apanhou até a chegada da polícia.

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