Gafanhoto
Paranaense disse que vê denúncias com tranquilidade
No primeiro dia como senador, Sérgio Souza não escapou de questionamentos sobre seu passado. Ele disse que encara as denúncias veiculadas na edição desta semana da revista Veja com "tranquilidade". A publicação aponta o peemedebista como um "gafanhoto" da Assembleia Legislativa do Paraná.
O caso gafanhoto envolve 400 funcionários da Casa, ex-servidores e políticos que estão sendo investigados pela Polícia Federal por desvio de dinheiro público, sonegação de impostos federais e estelionato. A irregularidade consistia no depósito de salários de vários funcionários do Legislativo estadual (parte deles, supostamente fantasmas) na conta de apenas uma pessoa. Souza, que trabalhou no gabinete do então deputado estadual Orlando Pessuti nos anos 1990, recebeu em sua conta salários da mãe, Erotildes Matias de Souza, de 62 anos, que também foi funcionária do parlamentar.
Erotildes compareceu ontem à posse do filho no Senado, mas não quis falar sobre o assunto. Para Souza, não há o que esconder. "Para mim é um assunto tranquilo. Eu pertenço a um grupo político e a partir do momento em que eu ganho mais espaço é natural que algumas coisas [como reportagens sobre seu passado] comecem a acontecer."
Segundo o senador, o pagamento de salários da mãe pela sua conta ocorreu apenas por cerca de cinco meses. "Ela não se adaptou ao trabalho e depois saiu. Mas eu nunca fiquei com o dinheiro dela."
Pessuti saiu em defesa do afilhado político, mas disse que não tinha como lembrar detalhes do caso. "Ao longo da minha trajetória como deputado estadual, tive mais de 200 funcionários, não dá para saber o procedimento de contratação de cada um. Só posso garantir que a dona Erotildes não era fantasma, porque trabalhava mesmo para mim, e que o Sérgio não era gafanhoto, porque não roeu o dinheiro de ninguém", afirmou Pessuti. (AG)
Bandeiras
Prioridade de senador, criação do TRF no PR já está na Câmara
Uma das bandeiras escolhidas pelo senador Sérgio Souza (PMDB), o projeto que cria mais quatro tribunais regionais federais (TRFs) no país um deles em Curitiba já foi aprovado pelo Senado. A Proposta de Emenda à Constituição 544/2002, conhecida como PEC dos Tribunais, depende desde novembro de 2003 apenas da aprovação no plenário da Câmara dos Deputados para virar lei. A votação neste ano está praticamente descartada devido aos cortes orçamentários implementados pela presidente Dilma Rousseff.
Outro tema considerado prioridade pelo paranaense, a Reforma Política já foi discutida neste ano por uma comissão especial do Senado. O órgão fatiou as mudanças em 11 propostas, a maioria sem consenso e que tendem a ser engavetadas. Uma delas trata sobre mudanças na eleição de suplentes.
Já o Código Florestal deve ter uma tramitação recheada de polêmica no Senado. O governo já anunciou que é contra boa parte do relatório aprovado pelos deputados. Mais uma vez, o PMDB de Souza estará no meio de um possível conflito com Dilma. "Já disse que só voto contra o governo se isso ferir os meus princípios", disse o senador. (AG)
Sérgio Souza (PMDB-PR) estreou ontem no Senado tentando evitar o rótulo de "sem voto". Suplente de Gleisi Hoffmann (PT), que licenciou-se na última quarta-feira para assumir a Casa Civil, ele frisou no discurso de posse que participou "efetivamente" da campanha que levou a petista à vitória com 3,1 milhões de votos. Também prometeu dedicar-se a três propostas o novo Código Florestal, a Reforma Política e a criação de mais quatro Tribunais Regionais Federais (um deles no Paraná).
"Essa história de que eu não tenho votos não é bem assim. Eu posso não ser o conhecido do Brasil, o conhecido da grande maioria da população. Mas sou conhecido pela grande maioria dos prefeitos, de vereadores, dos deputados estaduais e federais", disse, em entrevista após a posse.
Souza também destacou que representa um grupo político com peso eleitoral a ala do PMDB ligada ao ex-governador Orlando Pessuti. "É bastante importante frisar que eu não vim do nada." O novo senador afirmou que participa da política "desde criança" e que no ano passado fez campanha em mais de 150 municípios para ajudar a eleger todos os candidatos da chapa peemedebista, inclusive o agora colega de Senado Roberto Requião (PMDB).
Beijo no tutor
O senador ressaltou Pessuti sempre que pôde. "Por sua influência e doutrina política partidária ingressei na vida pública", declarou no discurso. Ao final da fala, em meio aos cumprimentos de uma dezena de parentes, saudou o "tutor" com um beijo no rosto.
Já Requião nem compareceu à posse. Ele e Pessuti chegaram a se cruzar no corredor de acesso aos gabinetes, mas não se cumprimentaram. Eles romperam em abril do ano passado, quando Requião desincompatibilizou-se do governo do estado para concorrer ao Senado e foi substituído por Pessuti.
Terceiro senador paranaense, Alvaro Dias (PSDB) prestigiou a chegada do novato. Souza também recebeu atenção de caciques tradicionais do PMDB, como José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL) e Valdir Raupp (RO). Além deles, pelo menos 15 políticos regionais e ex-integrantes da gestão Pessuti viajaram a Brasília para acompanhar a posse.
Souza afirmou que, além de dar continuidade aos projetos iniciados por Gleisi, vai se comprometer com todas as questões paranaenses que dependem do Congresso. "Ressalto também, como compromisso permanente nesta que é a Casa da federação, a defesa da forma intransigente dos maiores interesses do Paraná, procurando, acima de tudo, garantir o bem-estar do povo paranaense."
A primeira prioridade será a discussão do Código Florestal, aprovado no mês passado pela Câmara dos Deputados. "Acho que não podemos tratar determinadas situações dizendo que a agricultura construída no Paraná e no Brasil há décadas como crime", disse, citando o exemplo da própria família, que tem propriedades rurais na região de Arapuã, no norte do Paraná.
Advogado especialista em direito eleitoral, afirmou ter experiência para ajudar no debate sobre Reforma Política. "É a minha área", disse. A formação profissional, segundo ele, também será útil nos debates sobre a proposta de criação de novos tribunais apesar de o tema já ter sido aprovado pelo Senado.
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