Após sair da Presidência da República com a maior rejeição registrada por um presidente na história recente do país, José Sarney (PMDB) teve que buscar uma vaga de senador, em 1990, pelo então emancipado Amapá, porque o PMDB lhe negou a legenda em sua terra natal, o Maranhão. Dos amapaenses, Sarney já ganhou três mandatos, mas a atenção dispensada por ele ao eleitorado de seu domicílio eleitoral é mínima, de acordo com políticos do estado. A casa onde funciona seu domicílio eleitoral está fechada. As outras residências do senador estão na Praia do Calhau e na Ilha do Curupu (MA) e na antiga Península dos Ministros, no Lago Sul, em Brasília.
As idas de Sarney ao Amapá são tão raras que, quando ele chega lá, quase sempre de jatinho, para passar algumas horas ou no máximo três dias, é um acontecimento que ganha as manchetes nos jornais locais.
Os eleitores e políticos do Amapá reclamam do pouco esforço dele, mesmo com o poder que tem no governo, para liberar suas emendas parlamentares ao orçamento para obras no estado. Pelo levantamento da execução orçamentária de 2013, ele destinou emendas para Macapá (R$ 2 milhões), Mazagão (R$ 7,5 milhões) e Santana (R$ 2,5 milhões), entre outras. Apesar de autorizadas, nenhum centavo foi pago. A única emenda dele empenhada e paga foi uma de caráter nacional, para a Fundação Pioneiras Sociais (R$ 743 mil), que administra a rede do Hospital Sarah Kubitschek.
Sarney costuma visitar o Amapá em datas importantes. No primeiro ano como senador eleito do Amapá, passou seu aniversário lá. Depois, aboliu a ideia. Nos meses de dezembro ainda vai ao estado para fazer uma já tradicional festa com políticos e jornalistas num hotel da cidade, que inclui o sorteio de brindes.
Em 2013, ele esteve lá só duas vezes, em abril e dezembro.
"As promessas dele não saíram do papel. O aeroporto de Macapá teve a obra parada em 2004 porque o dinheiro sumiu e hoje só tem lá o esqueleto", disse o senador João Alberto Capiberibe (PSB), seu adversário político.
Terceiro senador pelo Amapá, Randolfe Rodrigues (PSol) tem boa relação com Sarney, mas cobrou: "Se ele disser que atua pelo Amapá aqui em Brasília, está mentindo. Desde 2011, não o vejo em reunião de bancada".
Por meio de sua assessoria, Sarney informou que vai ao Amapá todas as vezes que é preciso e que não decidiu se será candidato novamente. Ele diz que sua aprovação é alta no estado e faz uma avaliação positiva de seus mandatos de senador pelo Amapá. "Estou sempre no Amapá, todas as vezes que é preciso. Fui eleito para representar o Amapá em Brasília, onde é o Senado", disse por e-mail.
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