Depois de participar da cerimônia de abertura dos trabalhos no Congresso nesta quarta-feira (2), a presidente Dilma Rousseff enfrentou protestos no Salão Verde da Câmara de um grupo que exige a libertação imediata do ex-ativista italiano Cesare Battisti.
Os manifestantes abriram faixas em que pediam a libertação do italiano e gritaram palavras de ordem como "liberdade para Cesare Battisti, a gente luta, a gente insiste: liberdade para Cesare Battisti".Os ataques foram direcionados também ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso. "Oh Peluso, este golpe está cheirando a ditadura".
A presença dos ativistas pró-Battisti fez Dilma parar de sorrir enquanto caminhava pelo tapete vermelho para deixar as dependências do Congresso, na companhia do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) ,e do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).
Passado o episódio, Dilma ainda conseguiu parar para cumprimentar curiosos. A presidente deixou o Congresso por volta de 18h10, depois de uma cerimônia que durou pouco mais de três horas.
Battisti
No último dia de mandato, em 31 de dezembro de 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou a extradição do ativista de esquerda Cesare Battisti para a Itália. Lula acatou o parecer elaborado pela Advocacia Geral da União (AGU) que recomendava a manutenção de Battisti em território brasileiro.
A decisão foi tomada com base no tratado de extradição firmado entre Brasil e Itália. O anúncio foi feito por meio de nota lida pelo ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim.
Com a decisão, Lula deixou a resolução do impasse a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve decidir sobre a libertação do italiano, que está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde aguarda a conclusão do processo de extradição. O governo italiano pode recorreu ao STF contra a decisão de Lula.
O caso envolvendo a extradição do ativista para a Itália transformou-se em uma das maiores polêmicas da diplomacia brasileira durante o segundo mandato do presidente Lula. Battisti foi preso no Rio de Janeiro em 2007. Em janeiro de 2009, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu refúgio ao ex-ativista, sob a justificativa de "fundado temor de perseguição".
Membro do grupo Proletários Armados para o Comunismo (PAC), Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália pela suposta autoria de quatro assassinatos na década de 1970. A defesa nega o envolvimento do ex-ativista em assassinatos e acusa o governo italiano de perseguição política.
Fuga para o Brasil
Battisti fugiu da Itália em 1981, refugiou-se no México e passou 11 anos como exilado político na França durante o governo de François Mitterand, mas teve o benefício cassado. Ele chegou ao Brasil em 2004, também foragido, em busca de um último porto.
Em fevereiro deste ano, a 2ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio de Janeiro condenou o ex-ativista a dois anos de prisão, em regime aberto, por ter entrado no país com passaporte falso. Battisti recorreu da condenação e o processo ainda está em andamento. Segundo o Ministério da Justiça, Battisti pode cumprir a pena no Brasil, que envolve serviços comunitários e o pagamento de multa de dez salários mínimos (R$ 5,1 mil).