A Câmara de Vereadores de Londrina, na última quinta-feira (16), lotada para ouvir os promotores.| Foto: Divulgação

Começou sem pretensão, virou uma avalanche. Cerca de dois meses atrás, quando viu pela tevê uma dezena auditores e empresários indo presos pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – por suspeitas de corrupção na Receita Estadual de Londrina e envolvimento em prostituição e pedofilia – a professora Neli Beloti, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), comentou com pessoas próximas que os investigadores mereceriam um fã-clube.

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“Era uma brincadeira, claro. Mas me alertaram que um fã-clube na rede social poderia ir bem e ajudar a divulgar o trabalho deles”, conta ela.

Sem saber muito do riscado, no Facebook, a professora criou o grupo “Vai Gaeco!”. Logo explodiu: em pouco tempo, mais de 15 mil pessoas, a maioria de londrinenses, passaram a se conectar a informações postadas diretamente no grupo. Neste domingo (19), o “Vai Gaeco” tinha 15.480 integrantes.

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Atualmente, quem entra no grupo “Vai Gaeco!” é “abastecido” com todas as informações sobre as investigações dos casos. Por lá, jornalistas de toda a imprensa – inclusive do Jornal de Londrina - postam reportagens e comentários sobre o andamento dos casos para os participantes.

“Tem gente de todo canto do Paraná”, surpreende-se a administradora do grupo.

Na semana passada, a força da internet ficou mais evidente ainda: além do pessoal ligado aos movimentos sociais e sindicais de Londrina, a Câmara de Vereadores ficou lotada de gente que queria ver de perto os cinco promotores do caso prestarem contas sobre as apurações da Operação Voldemort (fraudes em contratos de manutenção de veículos públicos), Operação Publicano (associação entre auditores e empresários para cometer crimes de sonegação e desvio de dinheiro público) e ainda sobre a rede de casos de pedofilia. Eram estudantes de universidades, moradores e integrantes do “Vai Gaeco!”.

Quem não participa das entidades sindicais que apoiam as investigações – como o Sindicato dos Jornalistas de Londrina, o Sindicato dos Professores de Londrina (Sindiprol/Aduel) e a APP-Sindicato – enxergou no grupo via Facebook uma forma de se aproximar da batalha contra a corrupção na Receita Estadual e no Governo do Paraná, os alvos mais imediatos do Gaeco de Londrina.

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“Foram duas surpresas: ver a Câmara lotada, inclusive de jovens, e ouvir dos promotores como é difícil investigar pessoas ligadas aos esquemas políticos”, diz Neli.

Para ela, todos os promotores foram contundentes ao explicitar os casos de corrupção em Londrina, mas os depoimentos das promotoras Suzana Lacerda e Carolina Esteves, considera, foram especialmente impactantes. Junto com o Gaeco, as duas promotoras desvendaram um esquema de pedofilia em Londrina que já levou 23 acusados à prisão – oito deles permanecem detidos. Até o momento, são 18 ações contra o abuso sexual de vítimas entre 11 e 17 anos. Os acusados de pagar por sexo com crianças e adolescentes são empresários, políticos e auditores da Receita Estadual de Londrina. Mais 15 suspeitos são investigados em sigilo.

Já nas Operações Voldemort e Publicanos são quase 150 envolvidos processados – 60 auditores fiscais.

“O objetivo da audiência pública e das mobilizações é não deixar que os promotores se sintam sozinhos em investigações tão complexas”, explica a professora.

Agenda em Curitiba

Esta semana, os organizadores do movimento pró-Gaeco vão tentar agendas em Curitiba, com o presidente do Tribunal de Justiça – onde pretendem entregar uma carta solicitando que os casos de Londrina tenham um juiz exclusivo – e na Assembleia Legislativa, onde pedirão apoio à abertura da CPI da Receita e vão sugerir aos deputados que mudem leis estaduais para encurtar os de investigação de funcionários públicos corruptos. “Não queremos que tudo acabe em pizza porque essa experiência já tivemos em Londrina. Impunidade de novo não”, argumenta, relembrando o escândalo Ama-Comurb.

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Quem quiser entrar no grupo “Vai Gaeco!” é só acessar a página procurando pelo nome ou clicar aqui e solicitar.