Na nova delação que fez no mês passado sobre o caso Copel/Olvepar, o doleiro Alberto Youssef não mencionou o ex-deputado estadual Durval Amaral, ex-secretário-chefe da Casa Civil de Beto Richa (PSDB) e atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Mas, no final de 2003, o doleiro afirmou durante audiência na Justiça Federal que o então deputado estadual reeleito Durval Amaral, ex-líder de Lerner na Assembleia Legislativa do Estado, se beneficiou dos créditos de ICMS negociados entre a Copel e a empresa Olvepar, recebendo mais de R$ 2 milhões do esquema.
Em depoimento prestado no dia 16 de dezembro de 2003 ao juiz federal Sérgio Moro, hoje à frente das ações penais da Lava Jato, Youssef afirma que parte do dinheiro envolvido no esquema foi entregue a Durval. “Eu sei que na época o deputado levou, a primeira foi 1 milhão e 100 mil reais, na primeira vez que eu vi ele. Depois eu estive com ele, a segunda também, no dia 23 de dezembro (de 2002), onde ele levou mais, mais ou menos 1 milhão e 90 mil reais, por aí, na época”, disse Youssef.
Questionado sobre a diferença nos depoimentos de seu cliente e se haveria alguma restrição devido ao foro especial de Durval Amaral, o advogado Antonio Figueiredo Basto limitou-se a informar que apenas acompanhou Youssef.
Durval nega com veemência ter recebido dinheiro e reforça que, desde então, “nunca fui indiciado, nem denunciado, nada”. “Isso é uma história requentada. São palavras ao vento, um absurdo”, criticou ele. Em 2003, quando a denúncia do caso Copel/Olvepar foi oferecida, Durval era líder da oposição ao governo do Estado recém-empossado, do peemedebista Roberto Requião, hoje senador. Por causa disso, Durval sustenta que foi alvo de uma “manobra política”. “Quem me acompanhava naquela época sabe que eu fazia uma oposição forte. Tentaram calar a voz da oposição. Eu fui perseguido e ameaçado por causa das denúncias que eu fazia, inclusive pelo secretário de Segurança Pública”, afirmou o conselheiro.
A primeira denúncia oferecida à Justiça Estadual sobre o caso Copel/Olvepar, no início de 2003, foi assinada pelo então promotor de Justiça Luiz Fernando Delazari, que, ainda naquele ano, foi chamado por Requião para ser o secretário de Segurança Pública. “Eu nem participei daquele interrogatório do Youssef (de 16/12/2003). Quem estava fazendo as perguntas era o promotor de Justiça José Geraldo Gonçalves. Ele quer politizar uma questão que é policial. Uma barbaridade, uma ilação absoluta. O que o conselheiro tem que fazer é explicar o que ele fez com o dinheiro”, afirmou Delazari, em entrevista à reportagem.
Delazari também fez duras críticas ao Judiciário e ao Ministério Público Estadual, que “deixaram de lado, por 12 anos, um caso dessa dimensão”. “Se o Youssef tivesse sido condenado lá atrás, talvez nem a Lava Jato existisse hoje.”
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