No PR, presidente esquece a crise e faz discurso triunfalista

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Em uma cerimônia realizada na medida para tempos de crise política, a presidente Dilma Rousseff fez ontem a entrega simbólica das chaves de 1.438 casas populares do programa Minha Casa, Minha Vida, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Acompanhada de vários ministros, Dilma conheceu uma das casas do loteamento, na companhia da família beneficiada.

SLIDESHOW: Veja fotos do evento em Ponta Grossa

Com um semblante bem diferente daquele das aparições públicas durante os protestos de junho, a presidente fechou o evento com um discurso triunfalista. "O Brasil é um país que tem tudo para se tornar uma nação desenvolvida. Já perdemos essa chance antes, mas tenho certeza de que agora não vamos desperdiçar essa oportunidade. Só teremos um país melhor se as condições de vida da população forem diferentes, para cada um dos brasileiros e brasileiras."

Dilma foi aplaudida por uma plateia de beneficiários do programa e moradores aparentemente entusiasmados com as autoridades. Os pouco manifestantes que protestavam contra o governo foram mantidos à distância (leia mais no texto abaixo).

A presidente também fez a entrega de máquinas retroescavadeiras para 42 prefeituras do Paraná. Ela ainda beijou, abraçou e tirou fotos com os prefeitos. Uma recepção bem mais harmoniosa do que a verificada no último encontro de Dilma com prefeitos, em Brasília, na semana passada, quando acabou vaiada.

Em discurso aos prefeitos ontem, a presidente reiterou que repassará R$ 3,5 bilhões para auxiliar os cofres municipais, prejudicados com a diminuição dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Dilma também reforçou a importância dos investimentos sociais do governo. Ela lembrou que os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida terão direito a participar de uma segunda linha de financiamento, o Minha Casa Melhor. "Com esse cartão, as pessoas terão direito a adquirir até R$ 5 mil em produtos. Pode ser geladeira, fogão, guarda-roupa e máquina de lavar roupa", disse a presidente.

Provável adversária do governador Beto Richa (PSDB) nas eleição do ano que vem para o Palácio Iguaçu, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), não discursou.

Entrega de casas não elimina o déficit habitacional

Maria Gizele da Silva, da sucursal

A entrega das 1.438 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, não vai chegar nem perto de zerar o déficit habitacional de Ponta Grossa, que é de 17 mil residências. Os loteamentos inaugurados ontem pela presidente Dilma Rousseff são voltados a famílias de baixa renda (com renda mensal de ­­­até R$ 1,6 mil). O investimento foi de R$ 74,5 milhões do governo federal. No Paraná, 20.071 imóveis já foram entregues pelo programa e, no Brasil, 1,2 milhão.

Durante seu discurso, Dilma ressaltou ainda que os beneficiários do programa habitacional podem buscar financiamento para comprar móveis e eletrodomésticos, por meio do programa Minha Casa Melhor, lançado em junho. Cada pessoa inscrita nesse programa pode fazer compras de até R$ 5 mil, parcelados em até 48 vezes.

"Muito chique"

A catadora de papel Marlene de Morais da Silva, 52 anos, adquiriu a casa no loteamento Califórnia I e ganhou a mobília de uma rede varejista de Ponta Grossa. "Tem até computador na minha casa; é muito chique", disse a catadora, que perdeu a residência e os móveis que tinha em um vendaval em julho do ano passado. Ela estava pagando aluguel. A presidente Dilma visitou sua nova casa antes de iniciar o evento das inaugurações e tirou fotos com Marlene. Ela vai pagar, por dez anos, uma prestação mensal de R$ 30 pela residência.

A dona de casa Angela Slota é outra beneficiária do Minha Casa, Minha Vida em Ponta Grossa. Ela ficou dois anos na fila e agora recebeu as chaves da moradia. Morando na casa da sogra, Angela e o marido pretendem se mudar ainda nesta semana. "É um lugar bonito. Eu gostei", disse.

Estradas rurais

Além das casas populares, Dilma entregou ontem 42 retroescavadeiras para municípios do interior do Paraná. As máquinas serão usadas na manutenção de estradas rurais. O investimento do governo foi de R$ 6 milhões.

Dilma em Ponta Grossa