O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), afirmou nesta terça-feira (4) que as nomeações de cargos do segundo escalão do governo estão suspensas. "Ficou tudo suspenso até que haja diálogo entre todos os partidos da base aliada", disse.

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Temer participou da cerimônia de transmissão do cargo de ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, em que assumiu Wellington Moreira Franco, indicado pelo próprio vice-presidente. Questionado sobre o suposto descontentamento do PMDB na partilha de cargos do primeiro e agora do segundo escalão, Michel Temer disse que "não há desagrado."

Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff não foi abalada pela reação da base aliada quanto à partilha de cargos. "Ela tem experiência. Essas coisas são assim mesmo, são repetitivas, mas quando se repetem, servem de experiência. Vai servir exatamente para que ela tenha o diálogo agora, ela tem plena intenção de dialogar", disse.

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O novo ministro da SAE, Moreira Franco, afirmou que a questão ainda está apenas no plano da especulação. "Não há nada de concreto, essa questão sequer foi iniciada. Agora, eu não tenho a menor dúvida que o esforço que temos que fazer, não só o PT como o PMDB, mas os outros partidos que compõem a base também, nós temos agora uma responsabilidade profunda de fazer com que o governo avance. Para isso é preciso tranquilidade e unidade", afirmou.

Também negou a possibilidade de crise no partido. "Crise? Não, o que é isso? A vida parlamentar é do dissenso, da opinião. É claro que haverá sempre divergências, mas isso não configura uma crise", disse o ministro.

O presidente da Câmara e candidato do governo para permanecer no cargo, Marco Maia (PT-RS), também descartou a crise e disse que o momento não deve ter reflexo em sua candidatura."Não há crise com o PMDB. O que há é um debate legítimo de todos os partidos, buscando ocupar o maior espaço possível dentro de um governo que está se iniciando, o que é legítimo dentro dos partidos que ajudaram a eleger a presidenta Dilma Rousseff. Nós vamos conversar muito daqui até o dia 1º de fevereiro em relação à eleição da mesa da Câmara, e eu não acredito que essas questões tenham impacto na candidatura", afirmou.

O presidente da Câmara defendeu que as vontades dos novos ministros também precisa ser respeitada. "Nós temos que respeitar o interesse dos partidos e a vontade dos ministros, o importante é que haja um diálogo permanente entre os partidos da base aliada para compor da melhor maneira possível os espaços que estão à disposição", declarou.

"Não vejo por quê um debate que acontece no Executivo vai influenciar a Câmara dos Deputados. Nós vamos respeitar a autonomia que a Câmara precisa ter em relação ao Judiciário e ao Executivo, e não queremos também que o Executivo influencie nos debates e nas discussões da Câmara dos Deputados", afirmou o presidente.

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Marco Maia também disse que se considera preparado para dialogar com todos os partidos e para construir uma gestão que seja equilibrada, caso seja eleito e permaneça como presidente da Casa.Além de Michel Temer e Marco Maia , diversas outras autoridades estiveram presentes na cerimônia, entre eles o presidente da Câmara dos Deputados, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Nelson Jobim (Defesa), Edison Lobão (Minas e Energia), Antônio Patriota (Relações Exteriores), Garibaldi Alves (Previdência) e o advogado-geral da União, Luiz Inácio Lucena Adams.

Reunião do PMDB

Uma reunião do PMDB inicialmente marcada para acontecer na casa de José Sarney, às 11h, entre o presidente do Senado, Roseana Sarney, Renan Calheiros, Valdir Raupp e Henrique Eduardo Alves, pouco depois foi transferida para a casa do vice-presidente Michel Temer, na Asa Norte de Brasília.

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