O presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus (DEM), conseguiu "emplacar" mais um parente na administração de Beto Richa (PSDB). Além de nomear para uma diretoria da Cohapar o advogado Nelson Cordeiro Justus filho do chefe do Legislativo o governador também contratou a nora do deputado estadual.
Aline Albano, esposa de Nelson Cordeiro, foi nomeada em 1.º de janeiro de 2011 para trabalhar como coordenadora de Assuntos Internacionais na Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul , pasta coordenada por Ricardo Barros. A contratação dela consta no Diário Oficial de 12 de janeiro.
Procurada ontem pela Gazeta do Povo na secretaria, Aline disse por telefone que é a primeira vez que ocupa um cargo público no Brasil e que tem experiência de oito anos. Formada pela Universidade Positivo em Comércio Exterior, Aline disse acreditar que a experiência profissional, e não o parentesco com o presidente da Assembleia, a credencia para o cargo.
"Falo inglês, espanhol e francês fluentemente. Trabalhei para uma empresa da Bélgica que mantinha um escritório em Paris e aqui no Brasil numa empresa de importação e exportação", diz, citando que é responsável pelo desenvolvimento da agência de internacionalização do Paraná.
O secretário Ricardo Barros disse que Aline é qualificada tecnicamente para a função e que tem apresentado ótimos resultados. Ele explicou que o nome de Aline surgiu de uma indicação feita pela Casa Civil, mas preferiu não revelar o nome de quem a indicou. O secretário da Casa Civil é o deputado licenciado Durval Amaral (DEM) do mesmo partido de Nelson Justus. "Tenho recebido diversas recomendações, algumas delas vêm da Casa Civil. Eu tenho a liberdade de aceitar ou não as indicações", explicou Barros. Quando questionado se a indicação veio de Durval Amaral, de Justus ou do DEM, o secretário disse que preferia não revelar de quem partiu a sugestão. "A recomendação veio da Casa Civil. Eu fiz a entrevista e decidi contratá-la porque vi que ela poderia nos ajudar aqui na secretaria. Tento aliar a técnica à questão política", declarou.
Investigação
O Ministério Público Estadual investiga a suspeita de que o escritório de advocacia de Nelson Cordeiro Justus e do outro filho do presidente da Assembleia, Renato Cordeiro Justus, tenha sido beneficiado em licitações feitas por prefeituras do interior do estado. O assunto já foi tratado na Gazeta do Povo de 6 de janeiro deste ano, que falava sobre a indicação de Nelson Cordeiro à Cohapar.
As suspeitas são de que o escritório tenha conseguido muitos contratos com as prefeituras por causa das relações políticas que os prefeitos mantêm com o presidente do Legislativo. Um dos contratos sob investigação é o firmado entre o escritório da família Justus com a prefeitura de Ibiporã, no Norte do estado.
O prefeito da cidade é José Maria Ferreira (PMDB), ex-deputado estadual e aliado de Justus, que já foi funcionário comissionado em 2007 no gabinete da presidência da Assembleia. Se confirmado o favorecimento, tanto o prefeito quanto os advogados filhos de Justus podem ser responsabilizados por crime de improbidade e até fraude em licitação pública.
A reportagem apurou que os filhos de Nelson Justus já foram ouvidos pelos promotores de Justiça e que negaram qualquer tipo de irregularidade na contratação do escritório.
Procurado pela Gazeta do Povo, a assessoria do governador Beto Richa informou que ele não comentaria o caso porque a contratação de servidores é de responsabilidade dos secretários de estado.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada