Ao discursar na cerimônia de instalação do Conselho Nacional da Juventude, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar da crise política, afirmando que o depoimento do ex-ministro José Dirceu no Conselho de Ética da Câmara teria muito mais espaço na imprensa do que a solenidade "porque coisa ruim sempre tem mais privilégio". Lula chamou Dirceu de companheiro e disse que o Brasil vive um momento interessante na sua história política.
- Muitas vezes um ato como esse possivelmente não tem destaque quase nenhum porque está acontecendo no Conselho de Ética. O companheiro José Dirceu está lá e como minha mãe dizia: coisa ruim sempre tem mais privilégo do que coisa boa no noticiário do mundo inteiro - discursou.
Momentos antes do início da cerimônia, perguntado por jornalistas se a crise chegaria nele, Lula respondeu, sorrindo:
- Depende de vocês.
Na semana passada, ao discursar no Rio Grande do Sul, o presidente fez críticas ao papel da imprensa dizendo que em certos casos ela deveria pedir desculpas.
No momento em que o governo é envolvido em denúncias de irregularidades cometidas pelo PT, Lula garantiu que sua gestão está fazendo com que o Estado brasileiro seja um bem público "e jamais abrigo de privilégios e interesses particulares". O presidente disse ainda que é difícil querer governar para todos.
- Governar para todos é algo difícil, que exige muita dedicação e sacrifício. Vivemos um momento interessante da história política do nosso país - afirmou.
Lula acrescentou que no futuro os governos errarão menos se ouvirem a sociedade. Para mostrar que está governando, citou indicadores sociais e investimentos na Polícia Federal.
O presidente disse também que o compromisso do governo é fazer a "democracia brasileira funcionar para os que mais precisam dela, assegurando a cada cidadão o mesmo ponto de partida". Segundo Lula, é preciso dar oportunidade aos jovens, para que eles "provem seu mérito, sem limite da desigualdade econômica, que separa previamente a fila do sucesso e a fila da desilusão."
Lula explicou que o Conselho Nacional da Juventude, a ser presidido pelo ministro Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência da República, não é um instrumento do Estado para os jovens, mas um espaço para que a juventude apresente suas reivindicações, críticas e contribuições ao desenvolvimento nacional.
- É um espaço no qual a juventude brasileira, que tem sido capaz de criar suas organizações representativas e autônomas em todas as regiões do país, poderá expressar amplamente sua generosidade transformadora, para podermos construir, juntos, um Brasil mais soberano - destacou.
A criação do conselho, de acordo com o presidente Lula, foi uma forma de conhecer o caminho para melhorar as condições e a qualidade de vida da juventude brasileira.
- Ao invés de fazermos uma pesquisa para saber o anseio de vocês, nós preferimos consolidar o conselho, para que o Estado brasileiro, neste e em outros governos, tenha a capacidade, a inteligência de não perder de vista a oportunidade de sempre ouvir o clamor dos mais diferentes segmentos da sociedade, porque assim nós, e quem quer que seja que venha depois de nós, erraremos menos do que se não ouvirmos a nossa sociedade - afirmou.
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