A nova sede da Câmara Distrital do Distrito Federal, que tem pelo menos 9 dos 24 deputados envolvidos no escândalo do "mensalão do DEM", teve o custo aumentado em 323%. Quando o edital foi lançado, em 2001, a previsão era gastar R$ 23,6 milhões na obra. No próximo mês de fevereiro - para quando está prevista a inauguração - o orçamento final deve chegar a R$ 100 milhões, conforme os últimos cálculos feitos pela Secretaria de Obras do governo.
A explicação para o estouro do orçamento é que o projeto inicial previa uma obra acanhada, sem garagem. Depois, de revisão em revisão, o prédio ganhou um heliponto, mais um auditório e estacionamento para cerca de 1 mil veículos, além de 30 gabinetes para os deputados distritais. Atualmente são 24 parlamentares, mas se presume que, com o aumento da população, possam chegar a 30 nas próximas eleições.
A nova sede do Legislativo do Distrito Federal virou um prédio de luxo, com área construída de 48.670 metros quadrados, quatro pavimentos, piso de granito e paredes de vidro. Fica no Eixo Monumental, a avenida que - seguindo dois quilômetros rumo ao Congresso e ao Palácio do Planalto - se transforma na Esplanada dos Ministérios.
Por causa das alegadas deficiências do projeto original e suspeita de superfaturamento levantadas pelo Tribunal de Contas do DF e pelo Ministério Público, as obras da Câmara ficaram paradas de 2004 a 2008. Um acordo entre o governador José Roberto Arruda (DEM), Câmara Legislativa, Ministério Público (MP) e Tribunal de Contas possibilitou o recomeço das obras, a cargo da Via Engenharia.
Caixa de Pandora
A construtora teria doado R$ 300 mil para a campanha de Arruda, conforme planilha do ex-secretário de Obras Márcio Machado. No dia seguinte à divulgação da planilha pelo jornal O Estado de S. Paulo, o secretário pediu demissão. A Via Engenharia recusou-se a fazer comentários sobre a obra e, por meio da assessoria, informou que só a Secretaria de Obras poderia se manifestar.
A pasta afirmou que o prédio já consumiu R$ 95 milhões, devendo chegar a R$ 100 milhões com o acabamento. Arruda está sob investigação da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF), acusado de ser o chefe do esquema de cobrança e distribuição de propinas, envolvendo deputados e secretários.
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