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Peça-chave na articulação política do governo, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo que a iminente instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados para investigar denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras "pode fazer palco, mas não revelará nem um milímetro a mais do que já está revelado". Para Wagner, o governo "vai tocar a vida", porque está preocupado com as "dificuldades econômicas que tem para administrar".

Além de ser um dos poucos ministros a sair a público para defender o governo neste momento, o político baiano também endossou a inocência do ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, que foi seu secretário de Estado quando governou a Bahia. "Zero, zero, zero, esqueçam, não vai ter nada contra ele."

Perguntado se a instalação de uma CPI no Congresso para investigar a Petrobras seria mais um problema para o governo, Jaques Wagner disse que a nova CPI poderia fazer palco, mas ressaltou que ela não revelará nem um milímetro a mais do que já está revelado. "Quem é governo quer céu de brigadeiro, é óbvio. Mas vamos tocar a vida. Já temos dificuldades econômicas para administrar. Não vamos ficar procurando cabelo em casca de ovo. Quem gosta de CPI é oposição. Não acho bom para o país ter essa CPI, mas também não temo nada. Vão conseguir revelar algo a mais? Não.", disse.

Sergio Gabrielli

Em relação aos escândalos da Petrobras, que poderiam sobrar para o ex-presidente da empresa José Sergio Gabrielli, Wagner foi taxativo: "Zero, zero, zero, esqueçam, não vai ter nada contra ele. Esse rapaz é tão cioso das coisas que, por ele ser da Bahia assim como eu, em alguns momentos até me atrapalhou quando precisava defender os interesses do estado. Uma vez, ele foi lançar um edital na área de cultura lá e ao discursar ele começou a justificar o motivo pelo qual estava atendendo àquele pedido. Não aguentei e disse: "Ô, Gabrielli, e também porque você é baiano, né, e não é porque você é presidente da Petrobras que não vai poder fazer alguma coisa pela Bahia".

Poderá haver dificuldade de relacionamento entre o Executivo e o novo presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), questionou a reportagem. "Não tem apocalipse. Não acho que ninguém que se sente na cadeira de presidente da Câmara vá pregar a guerra. A liberdade que tem um líder de partido não é a mesma liberdade que tem um presidente da Câmara. Ele não vai mudar de ideologia, mas mudou de posição. Ele defende autonomia de poder, o que é natural e está nos estatutos. Tenho certeza de que a maioria do partido não quer pregar o racha, mas construir pontes. E outra, o partido (PT) que ganhou o Executivo, pode perfeitamente compartilhar no Legislativo", afirmou Wagner.

Sobre a vitória de Cunha, se teria sido uma derrota grande do governo, o ministro admite: "Foi derrota para o governo? Foi. Foi derrota para o PT? Foi. Mas, agora, tem de administrar. Se tivessem respeitado a regra de alternância de poder nas Casas pelos dois maiores partidos, isso não estaria acontecendo". Ele diz que a presidente Dilma vai respeitar o presidente da Câmara como respeita o presidente de um Poder. E que a derrota foi domingo passado e a vida segue. Que os problemas reais do dia a dia vão continuar. E descontrai: "É como Copa do Mundo: tomamos de 7 a 1, mas já passou". Diz que se a derrota servir para acalmar a base, que está bem.

Insatisfação do PT

A respeito da insatisfação generalizada dentro do PT, Jaques Wagner alega que o PT é o partido da presidente. E que essa tensão não é necessariamente ruim. "O PT dizer que queria que o ministro escolhido para a agricultura tivesse uma interface maior com a agricultura familiar é próprio do jogo. Enquanto o pessoal do agronegócio iria reclamar. Isso não ia tirar a paz. Mas, como diz o (ex-presidente) Lula: a gente ganha com os que nos acompanham e governamos com estes que nos acompanharam. Não há outra regra. A pessoa serve para apoiar mas não serve para governar? A vida é assim". E se diz "entristecido" em ver um ex-presidente da República (Fernando Henrique Cardoso, PSDB) publicar um artigo que diz "Chegou a hora" (publicado no jornal O Estado de S. Paulo no domingo), propondo um golpe pelo judiciário. Pelo amor de Deus, isso entristece o currículo dele. Fiquei decepcionado. Já acabou a eleição."

A reportagem quer saber se a recente reportagem do The New York Times dizendo que o governo americano continua espionando a presidente pode atrapalhar as relações entre Brasil e Estados Unidos, ao que o ministro diz não caber a ela responder a questão, mas conta que, por coincidência, recebeu no seu gabinete a embaixadora dos Estados Unidos, Liliana Ayalde. "Conversamos sobre tratados que estão em curso e que quero acelerar para mandar para o Congresso, que são acordos de cooperação e que preveem crescimento na cooperação. Então eu disse a ela: eu só espero que a notícia do NYT não se confirme para não atrapalhar nossa caminhada'".

Em relação à resposta da embaixadora? Wagner diz que ela negou, que era especulação do jornal e que teria assegurado que isso não vai atrapalhar em nada. Ao que, conta, ele teria retrucado: "Espero que não seja verdade porque, se for, é problema". Mas diz que não vai ficar fazendo 'chuva em copo d'água'. Que quem tem de responder sobre isso é o governo americano. "Ela, que fala pelo governo americano, desmentiu aqui. Disse que é especulação de jornal. Eu recebi o conforto dela dizendo que não era verdade e que isso não irá atrapalhar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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