Mandado
Polícia faz buscas na mansão de presidente de ONG mineira
Agência O Globo
A Polícia Federal cumpriu ontem mandado de busca e apreensão na mansão do empresário Deivson Oliveira Vidal, presidente do Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania, em um luxuoso condomínio em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A equipe da PF chegou ao imóvel às 11h15, em busca de dinheiro e outros bens do empresário, um dos principais alvos da Operação Esopo, deflagrada na semana passada para coibir um esquema de fraudes no Ministério do Trabalho. Na ocasião, quatro servidores da cúpula do ministério, todos ligados ao ex-ministro Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, foram exonerados.
Sobre a ação de ontem da PF, fontes ligadas à investigação não descartam a possibilidade da derrubada de paredes e de escavações no terreno da mansão em busca de pertences do empresário e de valores em dinheiro. Na segunda-feira da semana passada, a PF já havia encontrado R$ 150 mil em dinheiro, joias, dois carros importados, um helicóptero e farta quantidade de lança-perfume.
Deivson foi indiciado por formação de quadrilha, fraude em licitação, peculato, corrupção ativa e tráfico de drogas e teve mandato de prisão preventiva de 90 dias decretado pela Justiça. Ele está preso em uma penitenciária de segurança máxima.
O advogado do empresário acompanhou o pente fino na mansão de seu cliente. O IMDC, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público mineira, tinha contratos com, pelo menos, cinco ministérios, além de governos estaduais e prefeituras.
Cercado de ex-assessores acusados pela Polícia Federal por desvio de dinheiro do Ministério do Trabalho, o ministro Manoel Dias (PDT) foi alvo ontem de denúncia que o atinge diretamente. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, um ex-dirigente do PDT catarinense, John Siever Dias, disse ter recebido pagamento por serviços partidários por meio de uma entidade contratada para prestar serviços para o Ministério do Trabalho. E que o esquema foi montado pelo atual ministro
Manoel Dias negou a acusação. E a presidente Dilma Rousseff, em declaração à imprensa gaúcha, saiu em defesa do ministro: "Ele acabou de entrar no governo. As responsabilidades do Manoel Dias são muito circunscritas. Vou avaliar todos os dados. Nós não temos, hoje, nenhuma razão para modificar nossa visão e avaliação do ministro", disse.
Esquema
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-dirigente partidário John Siever Dias disse que o esquema irregular de pagamento ocorreu em 2008, durou pelo menos seis meses e foi montado pelo hoje ministro. John Siever disse que assumiu no início de 2008 a responsabilidade em Santa Catarina pela Universidade Leonel Brizola entidade vinculada ao PDT. Segundo o jornal, John revelou que o ministro disse à época que ele seria remunerado pelo trabalho para o PDT e que dinheiro viria de outra instituição, a ADRVale de Brusque, que mantinha contrato com o ministério. O pagamento de cerca de R$ 1,3 mil mensais era depositado pela ADRVale, disse John.
A ADRVale, segundo o jornal, tem como dirigentes Osmar Boos e Militino Angioletti, que foram filiados ao PDT entre 1992 e julho deste ano. E a entidade recebeu recursos do Ministério do Trabalho entre 2007 e 2012. A Polícia Federal chegou a investigar uma das parcerias da entidade com o ministério, mas o caso acabou arquivado, informou o jornal.
O trabalho para a universidade se encerrou quando John Siever decidiu sair candidato a vereador pelo PDT, mas o salário continuou a ser pago.
Outro lado
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, negou ao jornal a acusação de que houve acerto para que a ADRVale fizesse pagamento a um prestador de serviços do PDT. Em nota, disse que "não havia fontes de recursos" para John Siever Dias "porque o trabalho era de militante".
A nota oficial informou ainda que John Siever Dias ingressou com ação na Justiça do Trabalho pedindo vínculo empregatício com o partido. "Ambas as ações estão extintas e prescritas pelo fato de o reclamante não comparecer às audiências para provar o que alegava."
O jornal O Estado de S. Paulo informou que o Ministério do Trabalho não quis dar esclarecimentos sobre os convênios da ADRVale. A advogada da ADRVale, Ana Helena Boos, disse que a entidade está inativa, pois não recebeu todos os recursos que eram devidos pelo ministério.
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