A nova direção do PT descartou neste sábado a possibilidade de a antiga tesouraria do partido, comandada por Delúbio Soares, ter recebido dinheiro de Cuba para a campanha eleitoral do presidente Lula em 2002, como divulgou a revista "Veja" na edição desta semana.
O presidente do partido, Ricardo Berzoini, afirmou que o PT prepara uma ação judicial contra a revista, por tentar causar danos sucessivos à imagem do partido. O processo incluirá outras reportagens da revista, como uma sobre um suposto repasse financeiro da guerrilha colombiana e de declarações não confirmadas do doleiro Antonio Claramunt, o Toninho da Barcelona.
"É tudo absolutamente infundado. A Veja age como uma frente de ataque ao governo e não como um órgão de imprensa. Isso não é jornalismo e sim oposição. Vamos processar a revista por causar danos à imagem do partido", disse Berzoini.
Assessor especial do presidente Lula e secretário de Relações Internacionais do PT na época do suposto repasse de dinheiro cubano, o atual primeiro-vice-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, está em viagem a Paris, mas disse por telefone ao GLOBO que a denúncia de "Veja" é o relato de uma fábula.
"Trata-se de uma fabulação. Como também foi a história da ligação do PT com as Farc. É mais uma campanha da revista contra o governo, sem fundamento real", disse Marco Aurélio.
O sucessor de Marco Aurélio na secretaria de relações internacionais do PT e atual tesoureiro, Paulo Ferreira, disse que conhece o diplomata cubano Sérgio Cervantes, que segundo a revista, teria servido como ponte no repasse do dinheiro.
"O Cervantes fazia a relação institucional de Cuba com todos os partidos brasileiros, inclusive o PT. Mas nunca houve repasse financeiro, isso é mais um absurdo da campanha que essa revista faz contra o governo Lula", disse Ferreira, argumentando ainda que caberá agora à Veja provar sua denúncia.
"O fato é que o PT virou uma "Geni", com toda a oposição querendo jogar pedras", ironizou o novo tesoureiro.
O presidente do PT voltou a afirmar que o partido reagirá a todos os ataques da oposição. Segundo ele, mesmo a abertura de uma CPI do Caixa Dois causará problemas ao partido. Perguntado sobre o fato de estar sendo apontado como o responsável pelo acirramento da crise do governo com os partidos da oposição, Berzoini disse:
"Eu fico comovido com isso. Nossa posição não é de acirrar os ânimos, mas sim de reagir aos ataques. E não há nada de eleitoreiro da nossa parte, mas sim do lado deles, que querem nos inviabilizar politicamente. Nós não tememos nenhuma investigação, não vejo nenhum problema em uma CPI do Caixa Dois", afirmou o presidente do PT.
O secretário-geral do partido, Raul Pont, chamou de leviana e infundada a reportagem da revista "Veja".
"Daqui a pouco vai se voltar a falar do "ouro de Moscou", reagiu Pont.
O dirigente lembrou as denúncias do doleiro Toninho da Barcelona contra o PT que, segundo ele, sem nenhuma prova, foram manchete de diversas publicações durante dias. Pont lamentou o denuncismo que teria tomado conta do país.
"Estamos vivendo no país um momento em que os fundamentos não são abordados, são só denúncias, sem provas. É um negócio absurdo."
Pont disse ainda não ver problema na decisão dos partidos de oposição em entrar com uma representação contra o presidente Lula na Justiça.
"Eles são responsáveis pelo que fazem", disse Pont.
O ex-presidente do PT, José Genoino, disse que não comentará o caso. Ele lembrou que na época estava afastado da direção do partido para fazer sua campanha para governador de São Paulo. O deputado José Dirceu também informou, por meio de sua assessoria, que não falará do assunto.
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