O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou nesta quarta-feira (4) que a renúncia de Graça Foster e da diretoria da Petrobras irá fortalecer a empresa e que o novo comando da estatal deve seguir as linhas gerais da atual gestão, entre elas a política de privilégio ao conteúdo nacional.
"O mais importante é fortalecer a Petrobras, mostrar que é uma empresa que tem recursos para o futuro do país, há uma tentativa muito grande de desmerecer a Petrobras como empresa pública", afirmou o petista após reunião com a bancada de deputados federais do partido.
Segundo ele, a nova direção deve ser formada por pessoas "com compromissos" com as políticas traçadas até agora pela companhia. A diretoria da estatal irá escolher nesta sexta-feira (6) os novos nomes da diretoria.
"Nós temos que manter as políticas de conteúdo nacional da Petrobras, que garantem emprego e recursos para o país. Não concordamos com analistas que defendem privatizar a Petrobras, tirar dela a condição de operadora única do pré-sal e mudar o regime de partilha para o regime de concessão", afirmou.
A notícia da renúncia de Graça e da diretoria da estatal foi informada à bancada de deputados do PT durante a reunião da manhã desta quarta.Segundo relatos, um dos presentes fez piada, afirmando que agora as ações da estatal vão subir mais ainda.
Na saída da reunião, o presidente do PT defendeu a agora ex-presidente da companhia. "As mudanças se dão para fortalecer a empresa, havia muitas críticas, muito desgaste. Não há nenhum desvio ético por parte da presidente Graça Foster, são decisões de ordem administrativa."
Pressão
A nota desta quarta (4) emitida pela Petrobras atende a pedido da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a xerife do mercado financeiro, a respeito de reportagem da Folha de S.Paulo desta terça (3), informando que o Palácio do Planalto já havia avisado Graça de que ela seria substituída. Sua permanência no cargo ficou insustentável em meio às denúncias de corrupção na Petrobras, levantadas na Operação Lava Jato, e ineficiência na execução de projetos.
Na sexta (30), Graça reclamou com a presidente sobre a pressão que vem sofrendo e colocou, novamente, seu cargo à disposição.
Ao contrário das negativas anteriores, desta vez Dilma concordou com a saída da auxiliar, de quem é amiga. A posição de Dilma só mudou depois que o Conselho de Administração da empresa divulgou, na semana passada, uma baixa em seus ativos da ordem de R$ 88 bilhões, fruto de desvios e ineficiência na execução de projetos.
O número acabou fora do balanço não auditado referente ao terceiro trimestre de 2014, mas enfureceu Dilma, que considerou a conta descabida e superestimada. Para ela, conforme definiram assessores, a sua mera divulgação foi um "tiro no pé."
Na opinião de ministros, a chefe da empresa jamais poderia ter deixado que os consultores contratados para fazer o cálculo chegassem a um número tão alto sem contestação da metodologia.
O episódio acabou deteriorando ainda mais a situação financeira da Petrobras, que perdeu quase 3/4 de seu valor de mercado nos últimos anos devido à política de investimentos considerada inflada e à corrupção.
A CMV pediu esclarecimentos após a notícia causar uma forte alta nas ações da empresa durante o pregão de terça. As ações ordinárias (com direito a voto) fecharam em alta de 14,24% e bateram em R$ 9,79. As preferenciais (sem direito a voto) tiveram alta de 15,47%, a R$ 10.
Logo após a confirmação da saída da presidente, os papéis preferenciais chegaram a subir 7,80% e os ordinários, 8,27%, mas passaram a oscilar.
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