A 22ª fase da Operação Lava Jato , batizada de Triplo X e deflagrada na quarta-feira (27), pela primeira vez coloca o ex-presidente Lula como um provável alvo da investigação.
A nova etapa da Lava Jato apura a suspeita de que apartamentos do Condomínio Solaris, no Guarujá (Litoral de São Paulo), teriam sido usados para lavar dinheiro de corrupção e para a empreiteira OAS pagar propina a políticos do PT por contratos com a Petrobras.
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A Polícia Federal (PF) avalia que os imóveis do Solaris têm “alto grau de suspeita quanto à sua real titularidade”. Lula chegou a pagar cotas de um triplex no condomínio, embora oficialmente não seja dono do imóvel.
O Solaris foi uma obra da OAS, que assumiu o empreendimento em 2009 após uma crise financeira da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) – entidade que começou a tocar o empreendimento. A Bancoop foi presidida por João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT investigado pela Lava Jato.
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Lula tinha uma cota da cooperativa que lhe dava direito a um apartamento no Solaris. Ao disputar a reeleição em 2006, Lula informou à Justiça Eleitoral ter pago à Bancoop R$ 47.695,38 pelo apartamento. Corretores locais dizem que o imóvel vale R$ 1,5 milhão. A ex-primeira-dama Marisa Letícia chegou a decorar o triplex. Mas oficialmente o ex-presidente não é o proprietário do apartamento, pois nunca registrou-o em seu nome. Ele teria desistido do negócio após a repercussão negativa de reportagens sobre o apartamento. Mas Lula também não oficializou a desistência da compra.
Condomínio
“O condomínio inteiro está em investigação pela origem dele ter sido a Bancoop, pela transferências do empreendimento para a OAS – investigada, com seus diretores com condenação na Lava Jato – e pela presença de figuras apontadas como destinatários de muitos recursos fruto de corrupção, como o Vaccari”, diz o delegado da PF Igor Romário de Paula. A família de Vaccari também seria proprietária de um apartamento no condomínio.
Apesar disso, a força-tarefa da Lava Jato garante que não está investigando nenhuma pessoa específica nessa nova fase da operação. “Em relação ao Conjunto Solaris nós estamos investigando todas as operações desses apartamentos. Nós não estamos verificando nenhuma pessoa em especial”, afirma o procurador Carlos Lima, do Ministério Público Federal (MPF).
Sobre o possível envolvimento do ex-presidente, os investigadores afirmam que isso poderá ser detalhado a partir da análise dos documentos apreendidos. “Nós investigamos fatos. Se houver um apartamento lá que esteja em seu nome [de Lula] ou que ele tenha negociado, ou alguém de sua família, vai ser investigado como todos os outros”, garante Lima.
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