O ano promete trazer muitas novidades no âmbito da Operação Lava Jato. A cada dia surgem novos colaboradores dispostos a contar o que sabem em troca de penas mais brandas que podem complicar ainda mais a situação de alguns políticos envolvidos no escândalo.
Marcos Valério pode revelar elo entre petrolão e mensalão
Ainda há colaborações em fase de negociação na Lava Jato. É o caso da delação do ex-deputado Pedro Corrêa (PP), acusado de ser beneficiário do esquema de divisão da propina no partido. Ele negocia com a Procuradoria-Geral da República, já que seus depoimentos envolvem investigados com prerrogativa de foro.
O publicitário Marcos Valério, condenado a 37 anos de cadeia no processo do mensalão, também já manifestou interesse em contar o que sabe em troca de penas mais brandas. Ele deve ajudar os investigadores a descobrir o elo entre o mensalão e a Lava Jato. Ele também deve esclarecer um empréstimo de
R$ 12 milhões que o pecuarista José Carlos Bumlai pegou no banco Schahin. Parte do dinheiro, depois, foi para caixa 2 do PT, segundo o Ministério Público Federal. Em troca do financiamento, empresas do grupo Schahin conquistaram sem licitação o contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000, segundo as investigações.
As mais recentes colaborações divulgadas já dão conta de estremecer a situação de políticos e de esclarecer desvios em obras públicas da Copa do Mundo e do setor elétrico, além de contratos no Ministério da Saúde, por exemplo.
É o caso do doleiro Carlos Alexandre de Souza Rocha, auxiliar de Alberto Youssef. Conhecido como Ceará, Rocha responde a um processo na Justiça Federal de Curitiba, mas teve o processo suspenso pelo juiz Sergio Moro em setembro de 2014.
Ele já contou à Procuradoria-Geral da República, por exemplo, que o ex-ministro da Saúde do governo Dilma Alexandre Padilha ficaria com parte da Labogen − laboratório suspeito de firmar um contrato fraudulento de R$ 150 milhões com o Ministério da Saúde em 2013.
A empresa pertence ao doleiro Leonardo Meirelles, mas a suspeita dos investigadores é de que o laboratório era usado como fachada pelo doleiro Alberto Youssef.
Segundo Ceará, o ex-deputado federal paranaense André Vargas (sem partido) também ficaria com uma parte do laboratório Labogen, assim como o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do governo Fernando Collor, além do próprio Leonardo Meirelles.
Robin
O executivo Luis Eduardo Barbosa fechou acordo de colaboração premiada. Ele é apontado como operador em favor das empresas Alusa, Rolls Royce e SBM, investigadas na Lava Jato. Barbosa é sócio do delator e operador da SBM, Julio Faerman, na Oildrive Consultoria. Os dois eram chamados pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco de “Batman e Robin” por andarem sempre juntos.
Ceará também delatou o pagamento de R$ 10 milhões ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra (PE) – morto em 2014 – para “abafar” a CPI da Petrobrás de 2009.
O doleiro disse ainda ter entregue R$ 130 mil ao ex-deputado Pedro Corrêa (PP) para a campanha de sua filha Aline Corrêa (PP) − ambos réus na Lava Jato.
Ceará contou também que R$ 1 milhão foi endereçado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Aécio Neves (PSDB-MG) também estão na lista do novo delator.
Campanha de Dilma na mira das investigações
Apesar de ter sido fechado no ano passado, o acordo de colaboração premiada do presidente da construtora Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, deve começar a dar frutos aos investigadores da Lava Jato em 2016. Os rumores são de que o executivo teria delatado irregularidades na campanha da presidente Dilma Rousseff.
Azevedo também teria dado detalhes aos investigadores de corrupção nas obras da construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e da reforma ou construção de quatro estádios da Copa de 2014: Maracanã, no Rio; Mané Garrincha, em Brasília; Beira-Rio, em Porto Alegre; e Arena Amazônia, em Manaus. A delação envolve ainda Edinho Silva, coordenador financeiro da última campanha de Dilma e atual ministro da Comunicação Social, e Giles Azevedo, assessor especial da presidente.
Cerveró
Outro colaborador que pode complicar a situação da presidente Dilma é o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Um dos pontos que Cerveró pode esclarecer é a polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, realizada na época em que Dilma era presidente do Conselho de Administração da Petrobras − responsável pela decisão. Cerveró também já teria citado em seus depoimentos o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL), o ex-presidente Lula e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
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