Uma nova “rodada” de acordos de delação premiada pode comprometer ainda mais os políticos já citados na Operação Lava Jato e trazer novos nomes e linhas às investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF). Na lista dos que já fecharam ou estão negociando colaborações estão os ex-deputados Pedro Corrêa, André Vargas e Luiz Argôlo, além do ex-vereador Alexandre Romano, todos presos em Curitiba.
“Bombásticos”
Se confirmadas as delações, será a primeira vez que políticos citados no esquema de corrupção na Petrobras vão revelar detalhes do caso. As defesas deles, porém, não falam oficialmente em acordos, que dependem de homologação da Justiça. Fontes confirmam que o conteúdo dos depoimentos é “bombástico”. “Há um potencial enorme de abrir para novos políticos e novas searas de investigação”, diz uma das fontes.
Corrêa já está sendo ouvido em regime de colaboração, segundo o advogado Michel Saliba, que deixou a defesa dele na segunda-feira (31), justamente em razão da assinatura do acordo. No fim de agosto, Romano contratou o criminalista Figueiredo Basto, que conduz diversas colaborações, como a do doleiro Alberto Youssef. Os depoimentos abrem caminho para as delações de Argôlo e Vargas.
Primeiro político a falar, Pedro Corrêa cumpria pena por envolvimento no caso do mensalão. Ele responde pelas acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-parlamentar ficou comprometido na delação premiada de Rafael Angulo Lopez, braço-direito de Youssef, que disse ter entregue de R$ 150 mil a R$ 200 mil por mês ao político e a familiares, somando quase R$ 400 milhões em propina.
O dinheiro, segundo Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa – também delator da Lava Jato –, era distribuído entre políticos do PP, partido de Corrêa. Sozinho, ele teria ficado com R$ 40,7 milhões. Só na campanha eleitoral de 2010, ele recebeu R$ 5,3 milhões, conforme Costa. Além de detalhes da distribuição da verba ilegal, o político deve falar sobre as indicações para cargos em órgãos do governo federal.
A aproximação da Lava Jato de esferas de poder próximas do Executivo pode se dar com o depoimento de Alexandre Romano, que, conforme a PF, era operador de um esquema de pagamento de propina no Ministério do Planejamento que desviou cerca de R$ 40 milhões desde 2010. Especula-se que o ex-vereador deve dar detalhes sobre eventual participação do casal de ex-ministros Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann (PT).
Gleisi e mais 48 políticos são alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Todos negam participação na Lava Jato. André Vargas, que, até ano passado, era tido como o homem da campanha da senadora ao governo, também pode comprometer ex-colegas de partido em seu depoimento. No caso dele, pesam acusações de desvios da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde, que ocorriam por meio de uma agência de publicidade e um laboratório.
Sobre o ex-deputado Luiz Argôlo incidem acusações de recebimento de vantagens indevidas do doleiro Alberto Youssef em troca de favorecimento em negócios do doleiro na Bahia.