O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi alvo de um novo bombardeio de denúncias nesta sexta-feira (16).
DEM e PSDB se afastam
As revelações sobre as contas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fizeram o PSDB e do DEM a se afastarem do deputado. Para o senador Agripino Maia (RN), presidente nacional do DEM, “para quem dizia que as contas não existiam, de fato as coisas ficam agora muito difíceis de serem explicadas”. Presidente do PSDB, Aécio Neves, defende o afastamento de Cunha da presidência da Câmara.
Há indícios suficientes de que as contas no exterior não foram declaradas pelas pessoas mencionadas, ao menos em relação a Eduardo Cunha, e de que são produto de crime.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um novo bloqueio de duas contas bancárias mantidas no banco suíço Julius Bäer atribuídas a Cunha. Uma das contas está em nome da esposa do peemedebista, Cláudia Cordeiro Cruz. Além disso, a PGR diz que em 12 anos, a evolução patrimonial do deputado foi de 214%.
De acordo com a PGR, a solicitação de sequestro dos valores é necessária já que o processo foi encaminhado pela Suíça ao Brasil e há “a possibilidade concreta de que ocorra o desbloqueio das contas, com a consequente dissipação dos valores depositados nas contas bancárias estrangeiras”. O processo foi transferido para a PGR já que o presidente da Câmara é brasileiro, está no país e não poderia ser extraditado para a Suíça.
No pedido, o procurador-geral da República em exercício, Eugênio Aragão, diz que não há dúvidas em relação à titularidade das contas. “Há cópias de passaportes – inclusive diplomáticos – do casal, endereço residencial, números de telefones do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto”, diz.
Patrimônio
Segundo o Ministério Público Federal, o patrimônio estimado de Cunha, à época da abertura da conta na Suíça, era de aproximadamente US$ 16 milhões (R$ 62 milhões), ou 37 vezes superior ao declarado à Justiça Eleitoral no Brasil, de R$ 1,6 milhão.
A Procuradoria-Geral da República aponta ainda a evolução patrimonial de 214%, declaradas no Brasil entre os anos de 2002 e 2014, como outro forte indicativo do recebimento de propina.
Em 2002, o valor declarado era de R$ 525.768,00. Para Aragão, há indícios suficientes de que as contas no exterior não foram declaradas e, ao menos em relação a Eduardo Cunha, “são produto de crime”.
O bloqueio das contas ainda precisa ser autorizado pelo ministro do STF, Teori Zavascki. Na quinta-feira(15) o ministro autorizou abertura de um novo inquérito contra Cunha, que também vai investigar a esposa e uma das filhas do parlamentar –elas seriam os beneficiários finais das contas secretas na Suíça. Pesam contra eles as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.
De acordo com a Procuradoria, Claudia e as empresas do casal (Jesus.com e C3 Produções) têm oito carros registrados, que teriam preço médio que variam de R$ 18 mil a R$ 430 mil (um Porshe Cayenne ano 2013). Os procuradores destacam que ao abrir conta em um banco da Suíça, a mulher do deputado afirmou que “era dona de casa”.
As autoridades do país europeu bloquearam em abril um valor que, em reais e no câmbio atual, chega a aproximadamente R$ 9,6 milhões.
Além das contas que são objeto do inquérito, outras duas que tinham como beneficiário Cunha foram mencionadas pela Suíça: Orion SP e Triumph SP. Ambas foram fechadas pelo investigado um pouco depois da deflagração da Operação Lava Jato.
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