São Paulo (AE) Encarregado pela CPI dos Bingos de acompanhar as investigações do caso Celso Daniel, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) saiu a campo ontem em busca de informações. E encontrou duas novas testemunhas, que podem contribuir para esclarecer o episódio do seqüestro e assassinato do prefeito petista, em janeiro de 2002.
Em visita à Rua Antônio Bezerra, conhecida como Rua dos Três Tombos, na Vila das Mercedes, na zona sul, onde Celso Daniel foi seqüestrado na noite de 18 de janeiro de 2002, Suplicy localizou duas pessoas que disseram ter testemunhado o momento em que o prefeito foi rendido pelos seqüestradores. Uma delas, uma mulher identificada apenas como "Y", 64 anos, contou que em nenhum momento daquele episódio viu o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sérgio Sombra, que acompanhava o prefeito, ser rendido pelos seqüestradores.
"Ele (Sérgio) ficou sozinho lá embaixo. Não ficou ninguém lá. Os bandidos estavam todos com o prefeito. Ele ficou sozinho", relatou "Y". Segundo a testemunha, sua irmã, que mora em Porto Alegre e passava uma temporada em São Paulo, também presenciou a cena. Da janela, depois de ouvir o barulho dos tiros, viram Celso Daniel ser "empurrado, segurado pelo braço e jogado na parte de trás do carro" usado pelos seqüestradores, uma Blazer.
"Y" contou que sua irmã estranhou o fato de os bandidos terem levado apenas um homem e chegou a comentar: "Ela até falou: engraçado que levaram só um. Quem é?"
Foi só no dia seguinte, 19 de janeiro, que as duas souberam que se tratava do prefeito de Santo André. O relato de "Y" ao senador Suplicy confirma a versão de outras duas testemunhas que já depuseram à Justiça em sigilo, relatando que Sérgio Sombra permaneceu tranqüilo durante a ação dos seqüestradores. Após a captura do petista, segundo as testemunhas, o empresário se manteve calmo. "Ele ficou com o celular, falando. Não dava para saber mais, porque era noite, estava escuro."
A segunda testemunha localizada por Suplicy também mora nas imediações do local onde Daniel foi capturado. Uma mulher, que se identificou como Ana Maria, relatou que seu filho, ao ouvir os tiros no dia do crime, foi até a esquina da Rua Antônio Bezerra saber o que havia ocorrido. "Meu filho voltou e disse o cara estava bem, que estava falando ao telefone. Perguntei se haviam levado o carro (a gente pensava que era assalto). Ele disse que não. Só no dia seguinte é que a gente soube do que se tratava."
Com a localização das novas testemunhas, Suplicy afirmou que vai solicitar ao Ministério Público e à Polícia que elas sejam ouvidas na investigação do assassinato.
Apesar das informações obtidas hoje, Suplicy disse que ainda não é possível chegar a uma conclusão sobre o assassinato. "As dúvidas permanecem. Ainda não se sabe se foi crime comum ou político."
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