Os defensores do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, poderão levar de três a cinco anos para preparar um novo acordo contra o aquecimento global, disse nesta terça-feira o responsável da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo combate às alterações climáticas.
Muitos ambientalistas querem que o novo acordo esteja em vigor a partir de 2008. O mundo empresarial também deseja que as novas regras de longo prazo sejam definidas rapidamente, para preparar seus investimentos.
- O que ouvi nos corredores (da cúpula climática que ocorre no Canadá) é entre 2008-10. Esse parece ser o campo que está sendo discutido - disse Richard Kinley, diretor-interino do secretariado da Convenção Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas, que tem sede em Bonn.
Ele disse ainda que surgiu no mundo uma renovada preocupação com o clima desde que o Protocolo de Kyoto entrou em vigor, em fevereiro de 2005, apesar da rejeição americana.
Defensores de Kyoto pretendem usar a reunião de Montreal para prorrogar sua validade. Pelo protocolo, até 2012 os países desenvolvidos signatários terão de reduzir as emissões de poluentes, especialmente o dióxido de carbono, para níveis 5,2% inferiores aos de 1990.
O governo americano se retirou do acordo por considerar que as reduções de carbono seriam nocivas à sua economia e que países em desenvolvimento também deveriam ter obrigações.Washington diz não ter interesse nas negociações sobre os compromissos a serem adotados após 2012. Os EUA afirmam priorizar investimentos em novas tecnologias, mais "limpas", sem limites às emissões de carbono por usinas elétricas, fábricas e carros.
Mas Kinley disse que ainda haverá esforços na reunião da ONU para atrair os EUA para a discussão. Também é importante que países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia, participem.
- Essa é a questão a observar - disse ele. - Haverá muita conversa, queda de braço e discussão.
O anfitrião Canadá defende um processo de "duas pistas", pelo qual os países que ratificaram Kyoto começariam a discutir um novo pacto, enquanto outros, como os EUA, passariam a buscar novas formas de combater o aquecimento global.
Kinley disse ainda que a conferência, que vai até dia 9, deve reafirmar na quarta-feira regras detalhadas sobre Kyoto, inclusive as penalidades para quem descumprir os compromissos. Foi rejeitada a proposta saudita por emendas no acordo, o que tomaria muito tempo.
Ele também manifestou confiança de que a conferência incentive um esquema da ONU que promove investimentos em energias mais "limpas" nos países em desenvolvimento - projetos como hidrelétricas na África do Sul ou usinas de queima de metano no Brasil.
- A primeira coisa é dinheiro - disse ele sobre as reformas no chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. - Há um amplo reconhecimento de que esse ambicioso mecanismo foi criado com um orçamento limitado.
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