Internet e política
Diferentemente dos meios tradicionais, a internet possibilita um contato direto entre eleitores e políticos. Confira algumas das características da rede que podem ser exploradas para a comunicação política neste ano:
- A comunicação por meio de redes sociais que permitem a interação de grupos com um mesmo propósito facilita a mobilização de militantes.
- A comunicação na internet se dá em nichos e deve atender diversos públicos. Há usuários que conhecem a identidade do políticos, há os que querem trabalhar para eles, há aqueles que querem discutir com eles e os que querem lutar contra eles. É preciso estabelecer uma estratégia para trabalhar com cada um desses públicos.
- A rede consegue atrair eleitores jovens, entre 18 e 25 anos, que não veem o horário de propaganda eleitoral gratuito, mas passam bastante tempo navegando na rede.
- A internet é avessa a hierarquias. Não adianta os políticos tentarem controlá-la.
Fontes: Moriael Paiva, diretor de ciração da Talk Interactive; Cila Schulman, coordenadora de estratégia de internet do PSDB nacional; Fábio Carnevale , secretário de comunicação do PV; Juliano Borges, professor de Comunicaçaõ Social da Uerj.
internet
"Meu Twitter é maior que o seu"
O sucesso das redes sociais no Brasil desencadeou entre os políticos uma nova corrida pela conquista do elemento-chave que, para dez entre dez marqueteiros, pode determinar a vitória ou derrota em uma campanha eleitoral. A meta é angariar a atenção e o respeito daquele sujeito que exerce influência sobre um determinado grupo e que detém o poder de multiplicar votos: o cobiçado "formador de opinião" da era digital, esse ser ao mesmo tempo distante e tonitruante.
A internet terá papel fundamental na mobilização de militantes e apoiadores informais dos partidos na campanha eleitoral deste ano. Não terá o mesmo potencial de convencimento que rádio e televisão possuem hoje, mas sua capacidade de aproximar os eleitores dos candidatos, possibilitando o diálogo entre eles, deverá receber atenção especial no mundo da política em 2010. As experiências de marketing em redes sociais como Orkut, Facebook, Twitter, Youtube e blogs será incorporada às estratégias de campanha política, já que, pela primeira vez, a legislação eleitoral tornou a internet um território livre para a proganda dos candidatos. Essa é a avaliação de especialistas em marketing da internet consultados pela Gazeta do Povo.Diretor de criação da Talk Interactive agência de marketing digital que fez a campanha on-line da reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), em 2008 , Moriael Paiva avalia que a internet não será um meio decisivo para definir o próximo presidente da República do Brasil, como ocorreu nos Estados Unidos, com "a onda Obama".Paiva ressalta, contudo, que atualmente são 70 milhões de brasileiros usando a internet e que cada vez mais a rede ocupa tempo na vida das pessoas. Ele ainda destaca que a internet é a forma de atrair o eleitor jovem, já que pesquisas mostram que eles não veem propaganda eleitoral na televisão. "Hoje o eleitor jovem não vê o jornal nacional, o que dirá propaganda eleitoral."
Estratégia
Mas para o marketing político na rede funcionar, ele deve se adequar às características do meio. Como lembra Paiva, a estratégia política na internet é muito diferente da dos meios tradicionais. "Tem de ter uma forma adequada, sem hierarquia definida, até porque a rede não tem hierarquia. Muitos políticos não entendem a cobrança feita por eleitores em redes como o Twitter", explica. "O Sarney, por exemplo, entrou no Twitter, usava a ferramenta como release. Saiu logo depois que houve a crise no Senado. Não estava pronto para responder aos questionamentos."
"Meios como rádio e televisão, são de convencimento de massa. A internet é boa para conversas, não para venda. É uma ferramenta bacana para conversar, ouvir as pessoas e para dar apoio", avalia a coordenadora de estratégia de internet do PSDB nacional, Cila Schulman.
O secretário de Comunicação do PV, Fabiano Carnevale, diz enxergar na internet um ótimo meio para mobilização de apoiadores de campanha. Carnevale adquiriu experiência em marketing on-line ao coordenar a campanha de internet de Fernando Gabeira à prefeitura do Rio de Janeiro, em 2008. "A televisão continua sendo o principal caminho, mas a internet exerce a função de mobilizar os apoiadores."
Ele dá como exemplo um episódio da campanha de Gabeira, em que o deputado estava em baixa nas pesquisas. "Fizemos um vídeo com o Gabeira falando que apesar das pesquisas a eleição não estava decidida, que não existia voto inútil, que era preciso votar em candidato que as pessoas gostassem", relata. "A partir dali, a campanha foi virando em favor de Gabeira." Esse é um exemplo, explica Carnevale, de marketing viral que funcionou.
Porém, na avaliação dele, isso só funciona se houver integração com a campanha de rua. Na eleição de 2008, diz Carnevale, cerca de 10 mil voluntários contribuíram com a campanha de Gabeira. Parte deles na internet replicando textos e vídeos para seus conhecidos , e outra parte nas ruas. "Um dos eventos mais significativos começou com a ideia de uma eleitora no Orkut, que combinou com 15 amigos para ir à praia de verde. A ideia acabou se transformando em uma manifestação de mais de mil pessoas."
Experiências das redes
"Acredito que há uma tendência importante de se usar as experiências recentes das redes sociais em campanhas eleitorais", afirma o professor do curso de Comunicação Social Juliano Borges, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e autor do livro Web Jornalismo: Jornalismo e política em tempo real. Borges considera que ferramentas como blogs, Orkut, Facebook, Youtube e Twitter serão usados de forma integrada principalmente por candidatos a eleições majoritárias Presidência, Senado e governos estaduais. "Essa eleição será particularmente especial para avaliar como serão usadas as novas tecnologias no Brasil. Vai ser a primeira campanha em que o investimento em internet não vai ser pontual."
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