Wellington César foi acusado de engavetar suspeitas contra o então governador baiano Jacques Wagner.| Foto: Manu Dias/Secom

Nem bem foi anunciado como novo ministro da Justiça, o procurador baiano Wellington César já teve sua postura exposta e questionada por políticos.

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Como procurador-geral de Justiça da Bahia por quatro anos, César foi acusado de engavetar suspeitas contra o então governador baiano Jaques Wagner – atual chefe da Casa Civil do governo Dilma e responsável pela indicação do procurador para a Justiça.

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A indicação de César ao cargo, em 2010, já é alvo de questionamentos por membros do Ministério Público local. César foi o menos votado na lista tríplice dentre os candidatos – recebeu 140 votos, enquanto os promotores Norma Cavalcanti e Olímpio Coelho Júnior obtiveram 287 e 229 votos, respectivamente. Mesmo assim, a preferência de Wagner foi por César.

A decisão de Wagner foi duramente criticada pelo então presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), José Carlos Consenzo. “Lamentamos que um governador deixe de escolher a primeira mulher na história como procuradora-geral de Justiça da Bahia, com reconhecidas qualidades e com expressivo acolhimento da classe. Seus antecessores privilegiaram a democracia”, afirmou Consenzo, em ofício a Wagner.

Quando se candidatou ao posto de procurador-geral pela primeira vez, César vendeu sua imagem como “afeito ao diálogo” em oposição aos colegas que ameaçavam “dar dor de cabeça” ao governo de Wagner. Segundo um ministro de tribunal superior em Brasília, “ele quis se mostrar mais aberto” e “com um perfil mais conciliador” que seus concorrentes.

Durante sua gestão, fez questão de participar das reuniões “Agenda Bahia”, promovidas por Wagner com os presidentes do Tribunal de Justiça e da Assembleia Legislativa. Num dos momentos mais críticos da gestão Wagner, César o ajudou a dar fim à greve dos policiais militares e apoiou a prisão das lideranças do movimento.

‘Gaveta’

Em 2012, ele foi reconduzido ao posto de procurador-geral do Estado após ter ficado em primeiro lugar na lista tríplice, com 341 votos. Deputados de oposição ao PT na Bahia reclamam que César não deu prosseguimento a pedidos de investigação apresentados durante o governo Wagner.

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“Denunciamos que houve pedaladas fiscais na Bahia. A investigação está parada até hoje”, afirma o Elmar Nascimento (DEM), que foi deputado estadual até 2014, quando se elegeu para uma cadeira na Câmara.

Apesar de críticas de setores da oposição, ele procurou manter “relações amistosas” com o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM).

Entre os desafetos, César é criticado por “gostar dos holofotes”. Em 2014, ele condecorou a cantora Claudia Leite com “a medalha do mérito” por participar de duas campanhas do Ministério Público. Nascido em Salvador, César tem 25 anos de carreira. Antes de atuar na capital baiana, foi procurador da República nas cidades de Tucano e Feira de Santana. Procurado, não respondeu aos questionamentos da reportagem até a conclusão desta edição. Sua posse está prevista para a quinta-feira (3).

‘Hegemonia’

Em entrevista em abril de 2013 ao portal Direito na Bahia, o atual ministro disse ser favorável ao poder de investigação de diversos órgãos públicos e contra a “plena hegemonia” da polícia na condução de apurações criminais. “Não apenas a polícia, mas autoridades da saúde, fazendárias, entre outras, podem colaborar”, disse César. Ele fez as declarações em resposta a indagações sobre a aprovação da PEC 37, que retirava do Ministério Público o poder de investigação.

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Carreira

Wellington César ingressou no Ministério Público da Bahia em 1991, tendo atuado em comarcas do interior até 1995, quando foi promovido para Salvador. Ele exerceu o cargo de procurador-geral de Justiça da Bahia por duas gestões, tendo sido reeleito em 2012. Atualmente exercia o cargo de procurador-geral de Justiça adjunto para assuntos jurídicos, o terceiro na hierarquia do órgão na Bahia.