O conselheiro Fernando Guimarães, eleito ontem para presidir o Tribunal de Contas do Estado pelos próximos dois anos, afirmou que "limitações materiais e humanas" impediram que a instituição detectasse o esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná que, segundo o Ministério Público, desviou pelo menos R$ 100 milhões dos cofres públicos. O tribunal aprovou por unanimidade e sem restrições as contas da Assembleia de 2006, 2007 e 2008 período em que, de acordo com investigação do Ministério Público, o Legislativo manteve funcionários fantasmas e laranjas em seu quadro.
"Se tivéssemos uma auditoria programada na Assembleia, que analisasse conta por conta, até poderíamos ter uma responsabilidade", disse. Segundo Guimarães, o tribunal trabalha com as informações que estão disponíveis no momento. O presidente afirmou que o que será feito pelo órgão são ações colaborativas. Ou seja: o tribunal não fará nova investigação sobre as contas. "A responsabilização já está no âmbito do Judiciário, no Ministério Público. Seria desperdiçar força se já existem essas ações", completou. As ações colaborativas seriam para avaliar o desempenho da máquina administrativa.
Guimarães foi eleito por unanimidade para o cargo, com Artagão de Mattos Leão na vice-presidência e Nestor Baptista como corregedor.
Governo
Primeiro servidor de carreira a presidir o tribunal, Guimarães afirmou que o afastamento de Maurício Requião, irmão do ex-governador Roberto Requião (PMDB), do cargo de conselheiro do TC, em março do ano passado, foi "uma das maiores injustiças já cometidas, em análise jurídica". Para Fernando Guimarães, o caso não é de nepotismo, como entendeu o Superior Tribunal Federal (STF). "Quem indicou Maurício? A Assembleia. A Constituição é que define esse jogo de forças. Então tem que mudar a Constituição", afirmou.
Guimarães disse também que espera que o novo governador, Beto Richa (PSDB), escute o tribunal, procure-o quando tiver dúvidas e tenha uma ação mais participativa. "E seja menos raivoso", brincou, referindo-se a Requião. O presidente eleito foi chamado de "menino Mandu" pelo ex-governador na época em que elaborou um relatório apontando uma série de irregularidades nos gastos da administração estadual, inclusive com publicidade oficial.
* * * * * *
Interatividade
É certo o Tribunal de Contas alegar que não teria como identificar os problemas na Assembleia Legislativa?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
Deixe sua opinião