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Renan Calheiros:de aliado incondicional a inimigo íntimo. | Ueslei Marcelino/Reuters
Renan Calheiros:de aliado incondicional a inimigo íntimo.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Peça fundamental na sustentação do governo no primeiro mandato de Dilma Rousseff, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é agora um dos principais motivos de preocupação do Palácio do Planalto. Desde que foi reconduzido ao comando do Congresso, em fevereiro, o alagoano não esconde o seu descontentamento com o governo. Tampouco tem se esforçado para manter uma boa relação com a presidente. Para desespero da petista, a nova postura mais beligerante de Renan não perece ser uma fase passageira. Aliados do peemedebista dizem que isso veio para ficar.

Na semana passada, após a elevação do clima de tensão com o governo, Renan resolveu ceder aos apelos do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e adiar a votação de dois projetos que colocavam em risco o ajuste fiscal de Dilma. Mesmo assim, o presidente do Senado hoje em pouco lembra a figura de fiador número um das propostas do governo que, no fim de 2014, enfrentou uma oposição fortalecida nas urnas para aprovar a mudança das regras no superávit primário que beneficiaria Dilma.

Sem Conversa

Renan Calheiros já recusou ao menos dois convites para conversar com a presidente Dilma Rousseff. Mas seus recados continuam chegando ao gabinete presidencial. O senador não aceita que o seu aliado Vinícius Lage seja substituído no Turismo pelo ex-deputado Henrique Alves (PMDB-RN).

De lá pra cá, uma série de acontecimentos tem implodido as pontes que existiam entre Renan e o Planalto. O desgaste começou com o apoio tímido que o PT deu à sua reeleição à presidência da Casa. Pelas contas de Renan, pelo menos 6 dos 13 senadores da bancada petista não votaram nele.

Foi no mês passado, porém, que a relação com Dilma azedou de vez. Para Renan, o governo quis transferir ao PMDB a culpa pelas irregularidades na Petrobras e usou a chamada “lista do Janot” para tirar o Palácio do Planalto do centro do escândalo revelado pela Lava Jato. Além de Renan, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), passou a ser formalmente investigado após citações dos delatores da operação.

Na avaliação de aliados do peemedebista, sua nova postura não é impulsionada apenas pela mágoa. Faz parte de uma estratégia de sobrevivência política. Não há como defender, dizem, um governo desaprovado por 64% da população. Também foi preciso mudar o tom para que Cunha não colhesse sozinho os frutos de adotar um discurso mais agressivo ao Executivo.

O presidente do Senado, no entanto, nega estar em de guerra com o governo. Quando questionado, diz que o Congresso precisa ser cada vez mais independente. Afirma também que, em tempos de crise econômica, a população espera que o Legislativo dê respostas.

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