Está deflagrada a guerra entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, e as associações de juízes. Na segunda-feira, Barbosa disse que foi sorrateira a atuação das entidades para garantir a criação de novos Tribunais Regionais Federais, um deles no Paraná. Ontem, as associações divulgaram nota dura, afirmando que o ministro "agiu de forma desrespeitosa, premeditadamente agressiva, grosseira e inadequada para o cargo que ocupa".
Numa manifestação sem precedentes na história do STF, as entidades referiram-se à gestão do ministro como um equívoco histórico: "Como tudo na vida, as pessoas passam e as instituições permanecem. A história do Supremo Tribunal Federal contempla grandes presidentes e o futuro há de corrigir os erros presentes". Barbosa não quis falar sobre as novas críticas.
O texto leva a assinatura dos presidentes da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Nelson Calandra, da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo, e da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), João Bosco de Barcelos Coura. Para os juízes, Barbosa não tem disposição para ouvir opiniões diferentes. "Ao discutir com dirigentes associativos, sua excelência mostrou sua enorme dificuldade em conviver com quem pensa de modo diferente do seu", afirmaram.
As entidades declararam que o modo como foram tratadas "não encontra precedente na história do Supremo Tribunal Federal, instituição que merece o respeito da magistratura". Para as associações, o fato de abrir a reunião à imprensa, algo incomum nesse tipo de ocasião, já era o prenúncio de que Barbosa queria falar aos jornalistas, não à categoria.
Na segunda-feira, Barbosa disse aos juízes que a criação de novos TRFs foi aprovada no Congresso Nacional de forma "sorrateira", com o apoio das associações. O ministro também afirmou que as entidades não representam a nação, mas apenas seus interesses corporativos.
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